A recente queda de mais de 14% do Bitcoin (BTC) não apenas sacudiu o mercado de criptomoedas mas também serviu como um lembrete crucial dos riscos e da volatilidade inerentes ao mercado de ativos digitais.

O alto nível de euforia no que, em tese, é o estágio inicial de um novo ciclo de alta do Bitcoin pode ter criado a ideia de que ganhar dinheiro com criptomoedas é fácil, e causado a sensação de que mesmo investidores de varejo são capazes de antecipar os movimentos do mercado.

É consenso entre os especialistas que o atual mercado de alta das criptomoedas vem apresentando padrões diferentes dos ciclos anteriores

Impulsionado pela aprovação dos ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos, pela primeira vez na história o Bitcoin alcançou uma nova máxima histórica antes do halving.

Até então, a renovação das máximas históricas de preço haviam se dado meses após o evento de redução pela metade do subsídio de bloco do Bitcoin.

Além disso, o frenesi em torno das memecoins tomou conta do mercado logo após a confirmação do novo recorde de preço do Bitcoin. No ciclo de alta de 2021, o Dogecoin (DOGE) atingiu a sua máxima histórica em maio, quase seis meses depois que o Bitcoin rompera a faixa dos US$ 20.000 que marcou o topo do ciclo de 2017. E a disparada da concorrente Shiba Inu (SHIB) teve início somente depois disso, atingindo o auge em outubro.

Uma das teorias que vem ganhando força entre os analistas sugere que o atual ciclo de alta foi acelerado pela aprovação dos ETFs de BTC nos EUA e o que vai ocorrer daqui para frente é imprevisível.

Partindo desse pressuposto, é interessante estar atento aos principais erros cometidos por investidores de criptomoedas movidos pela euforia da falsa sensação de "alta infinita" que há poucos dias prevalecia no mercado.

1. Não realizar lucros

Para ser bem sucedido nos mercados financeiros, é preciso ter uma estratégia para realização de lucros e minimização de prejuízos. Uma valorização de 1.000% ou mais em tela não resulta automaticamente em dinheiro no bolso. Especialmente quando se trata de altcoins de baixa capitalização, que naturalmente estão mais sujeitas à volatilidade do mercado e à flutuação das narrativas dominantes.

Por mais tentador que seja manter as posições durante sucessivas altas, esperando por mais ganhos, a ganância pode levar à perda de oportunidades de realização de lucros.

Uma estratégia básica sugere que a partir do momento que uma moeda dobra de valor, com um lucro de 100%, é hora de começar a realizar lucros, garantindo no mínimo o retorno do capital originalmente investido.

Garantido o principal, os lucros podem ser usados para buscar novos ganhos. Assim, o investidor ficará no mínimo no zero a zero, caso haja uma reversão de tendência.

2. Pensar como um especialista

Por mais que a promessa do Bitcoin e das criptomoedas se baseie na desintermediação dos sistemas financeiros tradicionais e em casos de uso que tragam benefícios reais no dia a dia das pessoas, os fundamentos de um ativo não devem ser o principal fator a ser observado em ciclos de alta.

As tendências do mercado de criptomoedas são movidas por narrativas. E as narrativas são impulsionadas por ativos que têm o poder de atrair a atenção dos usuários, cujo investimento não precisa ser justificado por questões técnicas incompreensíveis para a grande maioria das pessoas. Daí o sucesso das memecoins.

Estar atento às narrativas que movem o mercado é tão ou mais crucial do que compreender os fundamentos técnicos dos ativos.

3. Perder o momento de entrada

É comum se sentir desestimulado a investir em uma criptomoeda cuja valorização já ultrapassou a marca de 100% ou até mais desde o início do ciclo. Hoje, por exemplo, embora acredite-se que o mercado de alta ainda está em seus estágios iniciais, esse é o caso da grande maioria dos ativos.

Embora comprar durante as quedas possa ser uma estratégia válida em ciclos de alta, esperar demais por um 'momento perfeito' pode resultar em perder oportunidades significativas de entrada

Isso acontece porque em mercados de alta, o aumento dos preços costuma gerar mais pressão compradora. Quando a atenção do mercado se volta para um determinado ativo, é provável que a tendência de alta seja sustentada.

Nesse caso, é interessante verificar métricas como o volume negociado e o índice de força relativa (RSI) dos alvos de investimento para entender se o momento é favorável para fazer um aporte.

Eventuais quedas podem proporcionar entradas a preços mais altos àqueles que optaram por esperar pelo "momento certo" para investir.

4. Diversificar demais o portfólio

Todos os ciclos de alta das criptomoedas são marcados pelo surgimento de novos e nichos de mercado que ampliam as possibilidades de investimento e o potencial de retorno sobre o capital investido.

No ciclo passado, finanças descentralizadas (DeFi), jogos play-to-earn, e NFTs foram exemplos disso. Agora, parece ser a vez dos tokens de inteligência artificial, infraestrutura descentralizada (DePin) e ativos do mundo real (RWA).

Assim, a diversificação exagerada do portfólio pode ser uma armadilha. Isso ocorre porque acompanhar a performance de uma ampla gama de ativos é desafiador e, além disso, a dispersão do capital em muitos investimentos pequenos pode diluir os potenciais retornos.

O educador pseudônimo TheDefiEdge sugere que o portfólio de um investidor do varejo deve se concentrar em no máximo oito ativos e seja restrito a até três narrativas.

Em seu modelo ideal, o investidor concentra parte de seus investimentos no Bitcoin e no Ethereum (ETH), que são os benchmarks das criptomoedas, e elege três narrativas em que acredite que seus lucros possam ser potencializados.

Para cada narrativa, o investidor deve escolher um ativo consolidado, que figure no top 100 do ranking de capitalização de mercado, e fazer uma aposta mais especulativa visando potenciais ganhos exponenciais.

Este artigo não contém conselhos de investimento ou recomendações. Todo movimento de investimento envolve risco, e os leitores devem conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.