Os desenvolvedores da Ethereum (ETH), rede líder do setor de finanças descentralizadas, anunciaram a data para a conclusão do "The Merge" na semana passada e impulsionaram um rali de alta do Ether que foi fundamental para desencadear uma forte recuperação do valor total bloqueado (TVL) e da capitalização de mercado dos tokens DeFi.
A data para a conclusão da fusão da cadeia de execução baseada em algoritmos de Prova-de-Trabalho (PoW) com a Beacon Chain – cadeia que opera sob o mecanismo de consenso de Prova-de-Participação (PoS) – foi marcada para 19 de setembro e impactou positivamente todo o ecossistema DeFi da Ethereum.
Os protocolos DeFi baseados na Ethereum estão superando a média da retomada do crescimento do setor. O valor total bloqueado na principal plataforma de contratos inteligentes do mercado registrou uma alta do TVL de mais de 20% em relação à minima de 13 de julho, e de 17% nos últimos sete dias.
Atualmente, a Ethereum concentra US$ 64 bilhões em TVL, uma participação de 62,85% sobre o total de US$ 102,5 bilhões, de acordo com informações da plataforma de monitoramento de dados DeFi Llama.
O retorno do valor total bloquado em protocolos DeFi acima dos US$ 100 bilhões veio após um crescimento de 14,6% nos últimos sete dias. Além da Ethereum, todas as principais redes de contratos inteligentes registraram crescimento do TVL. Os maiores ganhos semanais couberam à Solana (SOL), com 24,1%, seguida por Avalanche (AVAX), com 20,3%, Polygon (MATIC), com 10,7%, BNB Chain (BSC), com 9,5%, Fantom (FTM), com 9,1% e Tron (TRX), com 3,7%.
A capitalização de mercado dos tokens DeFi registrou um crescimento de 13,8% nos últimos sete dias. Vale destacar que os tokens nativos de protocolos DeFi "blue chip" AAVE, Uniswap (UNI) e MakerDAO (MKR) têm registrado um desempenho superior ao das duas maiores criptomoedas do mercado – o Bitcoin (BTC) e o Ether – nos últimos três meses.
Embora já viesse em queda desde o final do ano passado devido às condições do cenário macroeconômico, o mercado de criptomoedas foi duramente abalado pelo colapso do Terra (LUNA) e de sua stablecoin, o USTC, em maio.
A pulverização de aproximadamente US$ 40 bilhões em capitalização de mercado em menos de uma semana desencadeou uma reação em cadeia que culminou na liquidação do fundo de capital de risco Three Arrows Capital, nas falências da Voyager Digital e da Celsius, além de crises de liquidez e insolvência de outras empresas, como a BlockFi.
Apesar das alta recentes, o Ether desvalorizou 49% e o Bitcoin, 45%, desde o final de abril, de acordo com dados do CoinMarketCap. Um desempenho inferior aos de AAVE, MKR e UNI no mesmo período. Trata-se de uma clara demonstração de força dos protocolos de finanças descentralizadas diante das crises que vêm afetando suas contrapartes centralizadas.
Diante de um cenário favorável para o setor, os três tokens de maior destaque esta semana foram o token de governança da plataforma de staking de liquidez Lido DAO (LDO), a plataforma de tokenização de riscos BarnBridge (BOND) e o token de governança da plataforma de empregos Chrono.tech (TIME).
Lido DAO (LDO)
Lido é uma solução de staking de liquidez para a Ethereum. O Lido permite que os usuários façam staking de Ether – sem restrições de valores mínimos de depósitos ou taxas de manutenção e administração – para acumularem rendimentos diariamente, e ainda podem usar a versão sintética do Ether correspondente, o stETH, em empréstimos e outras operações de finanças descentralizadas. Ao depositar Ether no Lido, os usuários emitem stETH na proporção de 1:1 sobre o montante total.
O Lido é o maior protocolo de staking de liquidez em termos de valor total bloqueado, com US$ 6,5 bilhões depositados. Com o crescimento recente, tornou-se o segundo maior protocolo da Ethereum em termos de TVL, atrás apenas da Maker DAO.
Originalmente dedicado à Ethereum, hoje o Lido DAO oferece opções de staking de SOL, MATIC e dos tokens nativos de Kusama (KSM) e Polkadot (DOT).
LDO é o utility token do protocolo. A seus detentores são concedidos direitos de votar em decisões de governança do Lido DAO, opinar sobre os parâmetros de distribuição de taxas, e determinar a adição e a remoção de operadores de nó na Lido.
Em 15 de julho, depois que os desenvolvedores da Ethereum confirmaram que a tão esperada transição de sua rede para Prova-de-Participação (PoS) ocorreria em 19 de setembro, o LDO subiu quase 25%. Após o anúncio da Ethereum, o número de Ether depositado nos contratos inteligentes da Beacon Chain via Lido aumentou.
Sendo o maior protocolo de liquidez da Ethereum, um lançamento bem-sucedido do Ethereum 2.0 poderia trazer mais usuários ao Lido, aumentando, por sua vez, a demanda por tokens LDO.
Em 18 de julho, o protocolo anunciou sua disposição de expandir-se para soluções de camada 2. Sem antecipar datas, o LIdo afirmou em comunicado divulgado em seu blog oficial que estava “integrado com o Argent para disponibilizar o wstETH no zkSync e no Aztec” e passaria a oferecer “suporte ao stETH em todas as redes de Camada 2 que possuem atividade econômica relevante, começando por Arbitrum e Optimism (OP)”.
Em função das notícias referentes ao The Merge e à expansão do protocolo, o LDO disparou nos últimos sete dias, saltando de US$ 0,62 em 12 de julho para US$ 1,72 na manhã desta terça feira – uma valorização de 175%, de acordo com dados do CoinMarketCap. Atualmente, a capitalização de mercado do LDO é de US$ 538 milhões, o que o coloca na 77ª posição no ranking de criptomoedas.
Desempenho semanal do LDO. Fonte: CoinMarketCap
Barn Bridge (BOND)
O BarnBridge é um protocolo para tokenização de riscos que foi lançado em setembro de 2020. O BarnBridge permite que usuários utilizem o recurso de composabilidade das finanças descentralizadas (DeFi) para criar tokens negociáveis que expõem o consumidor à volatilidade do mercado.
O protocolo permite que os usuários montem posições baseadas em fatores como flutuações de taxas de juros e volatilidade de preços de ativos. O objetivo principal do BarnBridge é proporcionar proteção aos investidores contra os vários riscos associados à interação com instrumentos de finanças descentralizadas.
O BarnBridge incorpora ferramentas tradicionais de gerenciamento de risco e instrumentos de renda fixa no mercado DeFi. O foco principal é dividir os riscos de criptomoedas em nichos para que os participantes do mercado, dependendo de seu perfil de risco, possam investir em diferentes produtos ou ativos.
O BarnBridge oferece três produtos de investimento: SMART Yield, SMART Alpha e SMART Exposure.
O SMART Yield oferece aos usuários tanto rendimentos fixos quanto variáveis e alavancados em depósitos de stablecoins feitos em protocolos de empréstimos compatíveis, incluindo Compound (COMP), Aave e C.R.E.A.M Finance (CREAM).
O SMART Alpha permite que os usuários criem um pool atenuado e alavancado para qualquer token ERC-20. Assim, o BarnBridge expande a funcionalidade dos produtos DeFi para torná-los mais flexíveis e eficientes.
E o SMART Exposure permite que os usuários reequilibrem passivamente suas posições entre quaisquer dois ativos por meio de estratégias tokenizadas.
Ao tokenizar as flutuações do mercado e a exposição a riscos, é possível reduzir a volatilidade para investidores conservadores ou aumentá-la para daytraders em busca de maximização de ganhos.
Recentemente, o BarnBridge anunciou o lançamento de seu v2, com a expansão para outras redes além da Ethereum, desencadeando a valorização do seu token nativo. Nos últimos sete dias, o BOND valorizou 166%, saltando de US$ 2,85 em 12 de julho para US$ 7,68 na manhã desta terça-feira, de acordo com dados do CoinMarketCap. Atualmente, a capitalização de mercado do BOND é de US$ 54,1 milhões e o token ocupa a 369ª posição no ranking de criptomoedas.
Desempenho semanal do BOND. Fonte: CoinMarketCap
Chrono.tech (TIME)
O Chrono.tech é um ecossistema que oferece soluções em blockchain para conectar profissionais autônomos a empregadores firmando compromissos de trabalho com contratos inteligentes através do portal LaborX.com e de sua própria stablecoin pareada ao dólar australiano (AUDT).
O ecossistema possui ainda sua própria exchange de estrutura híbrida, com recursos típicos de serviços centralizados e descentralizados, um sistema de pagamentos com criptoativos para empresas, o PaymentX, e o token de governança TIME. Todas estas aplicações são potencializadas pelo TimeWarp.finance, um aplicativo que oferece diversos instrumentos DeFi para os usuários do ecossistema.
Nele, os usuários podem fazer yield farming e staking para obter receitas geradas por todos os produtos e serviços do Chrono.tech. O protocolo possui uma política agressiva de distribuição de recompensas aos detentores de TIME baseada na utilização de parte das receitas geradas pela utilização do ecossistema para a recompra de TIME no mercado. Posteriormente, esses tokens são compartilhados com os stakers.
As recompensas são maiores na proporção que os usuários se dispõem a manter seus TIMEs bloqueados por períodos de tempo mais longos.
No final de junho, o TIME foi listado na Coinbase e em seguida houve um aumento no volume transacionado que impulsionou o seu valor.
Nos últimos sete dias, o TIME acumula uma valorização de 115%, tendo saltado de US$ 43 em 12 de julho para US$ 93,90 na manhã desta terça-feira, de acordo com dados do CoinMarketCap. Atualmente, a capitalização de mercado do TIME é de US$ 65,9 milhões e o token ocupa a 325ª posição no ranking de criptomoedas.
Desempenho semanal do TIME. Fonte: CoinMarketCap
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