O Ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a privatização do Banco do Brasil, alegando que a instituição é ineficiente e que é comanda por um liberal, o atual presidente Rubem Novaes.

"Tem que vender essa porra logo", declarou o Ministro segundo a transcrição feita pela Polícia Federal no INC (Instituto Nacional de Criminalística) do vídeo da reunião de Bolsonaro com os Ministros revelada em 22 de maio.

Para justificar sua fala, Guedes aponta ainda que o BB não é nem tatu, nem cobra e que, desta forma, é impossível controlar a instituição.

"O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. Porque ele não é privado, nem público. Então se for apertar o Rubem, coitado. Ele é super liberal, mas se apertar ele e falar: 'Bota o juro baixo', ele: 'não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me apertam'. Aí se falar assim: 'Bota o juro alto', ele: 'Não posso, porque senão o governo me aperta'. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização", disse Guedes.

Presidente do BB é a favor de vender banco

Esta não é a primeira vez que Guedes defende a privatização do Banco do Brasil.

Pelo contrário, desde que assumiu o Ministério, no início do governo Bolsonaro, Guedes é a favor de um plano de desestatização no país.

Sobre o BB o ministro tem dito que somente uma privatização pode tornar o BB competitivo e concorrer com Bancos Digitais como o Nubank

O tema também é defendido pelo presidente da instituição, Rubens Novaes que alega que o Banco do Brasil precisa ser vendido para poder se adaptar às inovações financeiras que surgiram, conseguir se adaptar melhor ao open banking e atender às novas necessidades de clientes que vem buscando acesso facilitado a economia digital.

"Na medida que se aprofundar esse novo mundo bancário de open banking e competição das fintechs, as desvantagens de ser um banco público vão se acentuar. E eu acho que a gente já devia começar a se antecipar para pensar em privatização, assim não teria trauma nenhuma", disse no ano passado.

Privatização e Bitcoin

A privatização de instituições públicas como o Banco do Brasil (no qual a União é o maior acionista) é um tema muito apreciado entre os adeptos de Bitcoin e criptomoedas.

Sobre o tema há praticamente um consenso entre entusiastas de criptoativos de que as instituições públicas são ineficientes e devem sem vendidas para iniciativa privada com a finalidade de estimular a concorrência.

Porém enquanto há quase um consenso sobre a venda de empresas públicas o mesmo não ocorre sobre a existência de bancos.

Enquanto parte da comunidade defende o fim dos bancos outra parte promove a integração com o sistema financeiro tradicional e a colaboração com instituições financeiras.

Ripple, Nem, Ethereum, EOS, Tezos, entre outros vem desde a sua criação colaborando com instituições financeiras promovendo a adoção de smart contracts, blockchain, tokenização entre outros temas.

Isso sem contar os consórcios como R3 e Hyperledger que, constituídos por empresas, nunca nem cogitaram a mínima possibilidade de eliminar os bancos.

Há também, na comunidade, uma divisão entre a existência de bancos e de bancos centrais e como cada instituição deve ter seu papel.

Para o filósofo libertário e anarcocapitalista, Paulo Kogos, o BTC pode ser usado como uma ferramenta contra a censura do estado e também pode ajudar no 'renascimento' de um comércio global sem o papel do estado, que, segundo ele, teria acontecido no passado com o ouro.

 "Eu vejo no Bitcoin uma possibilidade de renascer o comércio global sem o estado, driblando por exemplo sanções que um país aplica sobre o outro (...) Eu acho isso saudável pois isso não só tira o poder do estado e dos bancos centrais, mas também tira o poder dos grandes blocos, da ONU, da comunidade internacional (...) o que é excelente porque nos afasta de um estado mundial e que as soberanias do países possa ser melhor defendidas", destacou.

Já para parte da comunidade cripto "raiz" que defende o fim dos bancos, as instituições financeiras atuais não atendem a demanda da população na era digital e somente por meio de criptomoedas isso é possível.

Além disso, com bitcoin e cripto as pessoas poderiam ser seus próprios bancos e gerir, sem a necessidade de terceiros, seus próprios recursos.

Listand a cidade privada com criptomoedas

Em 2019, Liberstad — uma cidade privada anarcocapitalista da Noruega — adotou uma criptomoeda nativa como única forma de câmbio para sua plataforma de cidade inteligente baseada em blockchain, 

Fundada em 2015, Liberstad é produto do projeto Libertania, comandada pela associação sem fins lucrativos Liberstad Drift, que visa criar uma cidade-sociedade com autonomia da interferência governamental — evitando impostos em favor de serviços financiados pelo setor privado. 

Como noticiado, os lotes de propriedade da cidade foram vendidos primeiro em Bitcoin (BTC) ou coroas norueguesas em 2017, com cerca de 100 potenciais residentes interessados no projeto em abril de 2018.

John Toralf Holmesland, chefe da Liberstad Drift AS, disse que a inspiração do projeto a seus princípios de não-agressão e ideologia libertária, escrevendo:

“Queremos uma sociedade em que as pessoas decidam por si próprias e possam viver juntas sem a autoridade do governo. Queremos uma sociedade sem coerção governamental, chantagem, perseguição ou violência desnecessária.”

A cidade agora adotou a criptomoeda “City Coin” (CITY), que será a única forma de câmbio no mercado fechado de Liberstad: moedas nacoinais fiat estão proibidas.

A CITY é interoperável com a plataforma de cidade inteligente baseada em blockchain da Liberstad, “City Chain”, que permite aos habitantes e empreendedores a construir e oferecer serviços “em uma base privada, interna e voluntária” para substituir as provisões públicas administradas pelo governo.

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