Embora o Drex, a CBDC do Banco Central do Brasil, tenha sido anunciada em 2023 com a promessa de remodelar o sistema financeiro tradicional, o começo dos testes com as instituições financeiras revelou que a moeda digital ainda precisava superar alguns desafios antes de chegar a população, principalmente relacionados ao trilema privacidade, programabilidade e descentralização.
Os desafios do Drex levaram o BC a revisar as expectativas de lançamento do projeto e remodelar os testes pensados inicialmente. Atualmente, na fase 2, os testes com transações desta etapa ainda não começaram, diminuindo o ritmo 'acelerado' que marcou a fase 1.
Diante disso, os bancos também estão remodelando seus orçamentos e direcionado recursos para setores de inovação mais urgentes, como inteligência artificial, revelou o 1º volume da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, realizada pela Deloitte.
De acordo com o estudo, os bancos estimam aumentar seus investimentos em 61% em Inteligência Artificial, Analytics e Big Data, e em 59% na migração para Cloud, "a integração destas tecnologias às estratégias dos bancos contribui para ganhos de eficiência, inovação contínua e melhores experiências para os clientes", destaca.
Em projetos regulatórios, os bancos pretendem aumentar os investimentos no Pix em 48% e no Open Finance, em 65%.
Segundo o estudo, o cenário de disrupção gerado pela IA e pela GenAI também levará os bancos a fazerem aportes significativos em infraestrutura e soluções tecnológicas que melhorem a experiência de trabalho dos profissionais. A estimativa é que invistam R$ 1,4 bilhão neste ano. Também é esperado um aumento de 15% nos postos de trabalho da área de TI em 2025.
“Os robustos e contínuos investimentos dos bancos brasileiros em tecnologia mostram a importância do setor como impulsionador da inovação em nosso país. E são fundamentais para modernizar a infraestrutura das instituições, fortalecer a segurança cibernética e aumentar a eficiência operacional para que possamos oferecer serviços cada vez mais assertivos aos nossos clientes”, avalia Rodrigo Mulinari, diretor responsável pela Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária.
IA e GenAI
De acordo com a pesquisa, as instituições apontaram a redução de custos e o ganho de eficiência operacional (ambos com 74%) como os principais benefícios decorrentes da adoção da Inteligência Artificial. Além disso, a IA também se destaca no reforço à segurança de dados, a partir da identificação de potenciais riscos (63%) e no apoio à análise de dados (58%). Ainda, a tecnologia começa a ser fortemente aplicada na personalização dos serviços (47%) e na previsão de tendências e comportamentos (37%).
O levantamento mostra que mais de oito em cada dez bancos já incorporam a inteligência artificial generativa (GenAI) nas operações e reportam ganhos mensuráveis, com um aumento médio de 11,4% na eficiência dos processos pós-adoção de IA e GenAI, sendo que 38% dos bancos apontaram um aumento de eficiência acima de 20%.
“O crescente investimento e aplicação de Inteligência Artificial nos negócios e operações dos bancos, um dos destaques desta edição da pesquisa, revela o aumento da demanda por experiências personalizadas, tema que está revolucionando o mercado financeiro e transformando a interação entre bancos e instituições”, afirma Carolina Sansão, diretora-adjunta de Inovação, Tecnologia
O movimento de migração para Cloud e sua relação com a IA revelam que a convergência entre tecnologias permite significativo avanço das empresas rumo à transformação tecnológica. Todos os domínios de negócio avaliados na pesquisa passaram por algum estágio de migração para a nuvem no último ano, em bancos com maiores níveis de maturidade em IA, sendo 100% em Open Banking/Finance e 67% em Pix.
Além disso, a cibersegurança segue como uma das principais prioridades da indústria financeira. Segundo a pesquisa, para garantir mais proteção tanto aos processos internos quanto às soluções oferecidas aos clientes, os bancos vêm reforçando a governança do tema: quase seis em cada dez deles têm especialistas em cibersegurança nos conselhos de administração e 40% deles contam com a atuação conjunta dos times de segurança com os squads de tecnologia.
Esse movimento assegura que a segurança digital esteja incorporada desde a concepção até a entrega de novos produtos e serviços.