A chegada da primeira nota comercial tokenizada sob a regulamentação da CVM não é apenas um marco técnico, mas um ponto de inflexão no mercado financeiro brasileiro.

Ela representa uma nova forma de pensar sobre captação de recursos, quebrando barreiras que antes limitavam a eficiência e acessibilidade das operações financeiras tradicionais.

Estamos diante de uma transformação que vai além da tecnologia: estamos reformulando a forma como o mercado de capitais se conecta com investidores.

Por que essa operação é tão inovadora?

Tradicionalmente, notas comerciais sempre foram uma maneira eficiente para empresas captarem recursos, mas com algumas limitações: processos longos, custosos e dependentes de intermediários. A inovação aqui está na tokenização.

Ao converter a dívida em tokens que podem ser negociados na blockchain, não apenas aumentamos a liquidez, mas também oferecemos uma transparência inédita para os investidores.

Cada token representa uma fração da dívida, permitindo que mais pessoas participem desse tipo de operação. E o melhor: as transações são rastreadas e registradas de forma imutável na blockchain. Isso gera uma confiança enorme, algo que o mercado financeiro tradicional sempre buscou e que, muitas vezes, faltava em certas operações.

Superando barreiras regulatórias com inovação

Não foi uma tarefa simples alinhar a inovação da blockchain com as exigências da Resolução 160 da CVM, que regula ofertas públicas.

Aqui, a integração entre a Liqi e a Laqus, como depositária, foi fundamental para atender as demandas do regulador sem perder a eficiência da tecnologia blockchain​. Essa operação mostrou que é possível casar o novo com o tradicional de forma funcional.

Um dos aspectos que mais me chamou a atenção foi como essa tokenização conseguiu organizar os intermediários via tecnologia, sem comprometer a segurança da operação.

A agilidade da blockchain traz uma vantagem competitiva imensa, e essa experiência abre as portas para outras operações semelhantes.

Os benefícios vão além da tecnologia

Blockchain não é só sobre inovação, com o uso da tecnologia, podemos intervir em dores conhecidas no mercado financeiro:

  • Transparência em cada etapa: Todos os envolvidos têm acesso às informações em tempo real.
  • Automação inteligente: Com o uso de oráculos, conseguimos integrar dados externos – como o CDI – diretamente na blockchain, sem risco de erros manuais.
  • Redução de custos: Ao eliminar intermediários e simplificar processos, democratizamos o acesso ao mercado de capitais, permitindo que mais empresas e investidores menores entrem no jogo.

Esses benefícios tornaram essa primeira nota comercial tokenizada uma referência para o futuro.

Quem imaginaria que poderíamos combinar regulamentação rígida com uma operação tão fluida e automatizada?

Estamos só no começo: o segredo é escalar

O que mais me anima é que essa primeira emissão é apenas uma amostra do que podemos alcançar com a tokenização. O potencial de escala é enorme.

Estamos vendo nascer um mercado em que empresas de diferentes setores poderão captar recursos rapidamente, sem a burocracia do sistema tradicional. Ao mesmo tempo, os investidores terão acesso a ativos mais líquidos e diversificados, com menos riscos e mais previsibilidade.

Vejo esse movimento como uma revolução silenciosa. O Brasil, que muitas vezes fica atrás nas inovações financeiras, está agora à frente com um modelo que pode atrair não só empresas locais, mas também investidores internacionais.

Essa primeira emissão é mais do que uma vitória da tecnologia: é uma prova de que inovação e regulamentação podem trabalhar juntas para criar um mercado financeiro mais transparente, eficiente e acessível para todos.

Não tenho dúvidas de que veremos mais operações como essa nos próximos meses, e cada uma delas reforçará essa nova era que estamos construindo.

E você, está pronto para fazer parte dessa transformação?

As informações contidas neste texto são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil.