O mercado de criptomoedas foi surpreendido na noite da última terça-feira, 2, por um ataque ainda não totalmente elucidado que teve como alvo as carteiras digitais mais populares da Solana (SOL), a quinta maior rede em valor total bloqueado em protocolos DeFi (finanças descentralizadas) e a nona maior criptomoeda em termos de capitalização de mercado.

Dados atualizados da empresa de análise de dados on-chain há poucas horas indicavam que US$ 5,8 milhões em SOL, USD Coin (USDC) e outros 300 tokens e alguns NFTs (tokens não fungíveis) baseados na Solana teriam sido roubados de um total de 7.947 carteiras digitais. Usuários da Phantom, da Slope e da Trust Wallet relataram ter sido vítimas da exploração.

A falha que permitiu a drenagem dos fundos ainda não está clara, mas as primeiras evidências indicam que as vítimas teriam interagido com a carteira digital para dispositivos móveis Slope.

A princípio, não se trata de uma falha na blockchain da Solana, mas a vulnerabilidade decorreu de um bug no software da Slope, sugeriu Anatoly Yakovenko, cofundador da Solana Labs em um comentário a uma postagem no Twitter nesta quarta-feira, 3.

O acontecimento evidencia que a custódia e a prevenção a ataques deve ser uma preocupação constante dos usuários de criptomoedas. A menos que você opte por deixar seus fundos sob custódia de alguma entidade centralizada, uma carteira digital é um dispositivo fundamental para sua estratégia enquanto investidor no espaço cripto.

A carteira ideal facilitará transações de criptoativos e manterá seguras suas chaves privadas. No entanto, nem todas as carteiras são capazes de servir igualmente a esses propósitos de forma satisfatória.

O que é como funciona uma carteira de criptomoedas

Carteiras digitais são aplicativos ou dispositivos usados para receber, enviar, identificar e transacionar ativos digitais. Apesar da designação, as carteiras de criptomoedas não armazenam ativos digitais. Na verdade, tecnicamente elas fornecem um sistema para acessar redes blockchain e efetuar transações de forma segura.

A primeira distinção fundamental a ser compreendida é que existem carteiras de criptomoedas sob a forma de hardware – dispositivos semelhantes a um pendrive, que são conectados ao computador quando o usuário deseja interagir com seus ativos – ou de software – aplicativos que são acessados on-line.

Carteiras de hardware, também conhecidas como carteiras frias, por serem mantidas off-line, são mais seguras contra agentes maliciosos, mas também são menos práticas e funcionais. Por outro lado, as carteiras de software, ou quentes, por estarem conectadas à internet, são mais amigáveis e, em geral, oferecem mais funcionalidades. No entanto, são menos seguras, pois dependem dos dispositivos de proteção do provedor da carteira e dos cuidados do usuário.

Carteiras digitais contém um conjunto de um ou mais pares de chaves. No mínimo, incluem uma chave privada, cujas chaves de acesso jamais devem ser compartilhadas com terceiros, e uma chave pública, que funciona como a identidade do usuário nas redes em que interage.

Grosso modo, a chave pública seria o equivalente ao seu endereço de email: deve ser conhecido por aqueles com quem você deseja interagir. Enquanto a chave privada seria o equivalente à sua senha particular. 

A chave privada é solicitada para validar toda e qualquer transação em que criptomoedas são enviadas para outro endereço. A chave privada também permite que o usuário faça alterações na configuração de sua carteira. Além de liberar o acesso aos fundos do usuário de uma determinada carteira digital, a chave privada, caso perdida, implica na inacessibilidade permanente dos criptoativos protegidos por ela.

Explicados os fundamentos básicos das carteiras digitais de criptoativos, o Cointelegraph Brasil apresenta abaixo as carteiras digitais mais populares do mercado.

Ledger Nano X

Trata-se de uma das mais antigas, populares e seguras carteiras de hardware do mercado. A Ledger Nano X pode ser conectada a computadores através de um cabo ou a dispositivos móveis via Bluetooth. Utilizada de forma integrada com o aplicativo Ledger Live, a Nano X mantém os criptoativos dos usuários offline e protegidos.

Além do gerenciamento dos fundos, a Nano X suporta até 100 DApps (aplicativos descentralizados) e mais de 5.500 tokens diferentes. Uma outra opção da mesma marca e de custo mais baixo é a Ledger Nano S, que possui uma interface mais simples e menor espaço de armazenamento de dados.

Trezor T

A Trezor T é a primeira carteira de hardware a usar o Shamir Backup (SLIP39). Esse sistema também atua como um token de segurança, autenticador e identidade digital. Ele armazena chaves privadas, fornecendo acesso seguro a elas e mantendo-as isoladas de exposição online.

O dispositivo inclui uma tela sensível ao toque para autenticar transações. Semelhante às carteiras da Ledger, a Trezor T oferece suporte para uma grande variedade de tokens, DApps e redes blockchain.

MetaMask

Desenvolvida pela ConsenSys e compatível com redes que utilizam a Ethereum Virtual Machine (EVM), a MetaMask é o principal aplicativo para conexão com a Web3 e atualmente possui 30 milhões de usuários mensais. Trata-se de uma carteira de criptomoedas quente que funciona como uma extensão do navegador em desktops ou como um aplicativo para dispositivos móveis.

A MetaMask oferece aos usuários um cofre para armazenar e gerenciar chaves e senhas, além de servir de gateway para os principais aplicativos descentralizados de finanças descentralizadas, blockchain games, além de marketplaces de NFTs.

A carteira também oferece uma opção de swap através da qual os usuários podem negociar uma gama variada de tokens ERC-20, além de versões sintéticas do Bitcoin (BTC), Solana e outros criptoativos de alta capitalização de mercado.

Coinbase Wallet

Apesar de ostentar a marca de uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, a Coinbase Wallet não está necessariamente vinculada aos serviços da empresa e pode ser utilizada para conexão com a Web3 e interação com DApps da mesma forma que a MetaMask.

A Coinbase Wallet facilita o armazenamento de chaves privadas, o envio, o recebimento e a utilização de criptoativos. O aplicativo está disponível tanto para dispositivos móveis quanto para desktops e suporta mais de 4.000 ativos diferentes e inúmeros DApps.

MyEtherWallet

Uma "carteira de hardware que dispensa o suporte físico". Assim, a MyEtherWallet é apresentada pelos seus desenvolvedores. Ela oferece uma funcionalidade de carteiras de hardware em dispositivos móveis.

Mais especificamente, a MyEtherWallet armazena as chaves privadas dos usuários em um cofre isolado no dispositivo móvel, separando-as da seção que executa as transações. A MyEtherWallet utiliza a tecnologia WebRTC, não utiliza servidores centrais e garante acesso seguro e descentralizado. A MyEtherWallet oferece acesso a Ethereum (ETH), BNB Chain (BSC) e Polygon (MATIC).

WalletConnect

O WalletConnect é um protocolo de código aberto que facilita a comunicação simples e segura entre mais de 75 aplicativos de carteiras digitais. Para se conectar, é necessário apenas digitalizar o QR Code do DApp de destino ou clicar em seu link direto e pronto. O WalletConnect pode se conectar a qualquer blockchain, o que significa que você pode usar e interagir com DApps na Ethereum, Solana e Near Protocol (NEAR), por exemplo.

ZenGo

ZenGo é uma carteira digital de criptomoedas para aplicativos móveis que utiliza  o sistema criptográfico MPC, que isenta os usuários dos riscos de perder o acesso às suas chaves privadas.

A ZenGo permite que os usuários transacionem criptoativos e armazenem suas chaves privadas. Um diferencial da ZenGo é que ela oferece rendimentos sobre Bitcoin, Ether e mais de 70 criptoativos armazenados pelos usuários. O ZenGo utiliza o WalletConnect para permitir que seus usuários interajam diretamente com plataformas DeFi, projetos NFT e DApps de blockchain games.

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