O Bitcoin finalmente venceu sua máxima histórica no Brasil na quarta-feira, depois de chegar perto deste nível algumas vezes em 2020.

Entre os fatores que levaram a maior criptomoeda ao seu ponto máximo contra o real, chegando a R$ 71.265, estão a desvalorização expressiva do real em 2020 - considerada a moeda que mais caiu no mundo - e a alta consistente da criptomoeda mesmo em meio à pandemia.

No mercado internacional, a resistência de US$ 12.000, que se sustentou por mais de um ano, era considerada chave para que a maior criptomoeda entrasse em um novo movimento de alta.

Apesar de sair dos US$ 4.000 em março e testar os US$ 12.000 por algumas vezes nos meses seguintes, chegando perto dos R$ 70.000 no Brasil, a moeda ainda não mostrava força para vencer este nível.

O catalisador do novo movimento, segundo analistas internacionais, foi o anúncio do gigante de pagamentos online PayPal de que passaria a aceitar criptomoedas como Bitcoin e Ether como pagamento em sua plataforma.

No Brasil, o recorde anterior do Bitcoin - R$ 70.000 - contra o real remetia à corrida de alta de 2017, quando a maior moeda chegou a US$ 20.000 nos mercados globais. Na época, o real valia quase dois terços a mais do que valor atual contra o dólar, perto dos R$ 3,30, contra os R$ 5,59 desta quinta-feira.

A valorização do Bitcoin e a depreciação do real também têm transformado a maior criptomoeda em instrumento de proteção contra a inflação para os brasileiros, para além dos investimentos.

Assim como já acontece em países vizinhos em que a inflação é muito alta - como Argentina e Venezuela - quem comprou Bitcoin no Brasil em 2020 também se protegeu contra a iniciativa do governo federal de desvalorizar - e muito - a própria moeda.

O diretor da Associação Brasileira de Criptomoedas (ABCripto), diz que a impressão em massa de moedas fiduciárias para pagamento dos auxílios emergenciais está levando as economias à inflação, o que também tem sido bom para o BTC:

“Eu continuo convicto na função do Bitcoin como hedge [proteção] contra à impressão de moeda desenfreada dos BCs.”

Os especialistas brasileiros defendem também que a nova máxima também é impulsionada pela adoção institucional do BTC, que desde 2018 é indicada como um dos fatores-chave para o mercado cripto. Neste ano, gigantes de investimentos como Square, Grayscale e MicroStrategy compraram milhões de dólares em Bitcoin, dando mais robustez ao mercado.

Safiri Félix aponta em matéria do InfoMoney que o novo movimento do mercado cripto "é uma resposta à Square, que anunciou ter parte do seu capital alocado em Bitcoin”.

A CEO da NovaDAX, Beibei Liu, concorda com a análise:

“Square, MicroStrategy, Grayscale e Bit Digital anunciaram seus investimentos em Bitcoin e afirmaram que tratarão a criptomoeda como parte do seu portfolio de ativos de longo prazo. A Square inclusive permitiu a compra e venda de Bitcoins no seu Cash App”

Já o country manager da exchange Ripio no Brasil, Ricardo Da Ros, aponta para a desvalorização do real e para a alta média constante do Bitcoin em seus 11 anos de história para a chegada da moeda a seu preço máximo no país:

“Há muitos sinais de que o topo em dólar será alcançado em breve. A assimetria que o Bitcoin oferece é muito interessante”

A pandemia de coronavírus também impulsionou a demanda por Bitcoin e outras criptomoedas, que se revelaram nos últimos meses um dos principais produtos de investimento e de hedge em 2020. A demanda no ano já é três vezes maior do que a oferta da produção de BTC. O cofundador da Capriole, Jan Uytenhout, também explica:

“Mesmo com o Bitcoin sendo minerado todos os dias, a oferta está diminuindo rapidamente. No último ano, 670 mil BTC foram minerados. No entanto, no mesmo período, 1,85 milhões de BTC foram comprados.”

Com o nível de US$ 12.000 transformado em suporte, o Bitcoin segue provando novas altas. A moeda bateu nos US$ 12.900 nesta quinta-feira, elevando o recorde histórico para R$ 72.500 no Brasil.

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