Minas Gerais dá um passo ousado na área de saúde ao unir forças com a Unimed para desenvolver um sistema de interoperabilidade de dados baseado em tecnologia blockchain.

Em uma parceria inédita no Brasil, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) iniciou testes com a Unimed para garantir a segurança e integração de informações de saúde, uma prioridade no cenário de gestão pública.

O sistema, que já conta com provas de conceito (PoCs) em colaboração com as prefeituras de Belo Horizonte e Ribeirão das Neves, visa facilitar a troca segura e eficiente de informações entre o setor público e o privado, com foco em proteger dados pessoais dos cidadãos.

Para tanto, as cidades, juntamente com a SES e a Unimed estão testando a integração dos dados na Rede Mineira de Dados de Saúde (RDSMinasGerais), gerenciada pela SES-MG.

Rafael Paiva, CIO da secretaria, disse, em entrevista ao Convergência Digital que os dados são o maior bem, e a governança e interoperabilidade deles são essenciais para melhorar o atendimento.

Nesse sentido, o uso de blockchain representa uma escolha estratégica. Essa tecnologia de ponta garante segurança total, evitando riscos de violação, acesso não autorizado e perda de informações sensíveis. Além disso, possibilita que o setor público alcance padrões de segurança e confiabilidade em saúde jamais vistos no Brasil.

aiva destacou os desafios enfrentados pela SES-MG, especialmente com sistemas legados ainda em uso. Para ele, a evolução tecnológica é essencial. “Temos sistemas desenvolvidos por servidores que já se aposentaram. A tecnologia blockchain surge como uma resposta para resolver esses gargalos, mantendo a integridade dos dados e promovendo a interoperabilidade entre diferentes plataformas”, explicou o executivo.

Blockchain na Saúde

A parceria entre o governo de Minas Gerais e a Unimed utiliza uma blockchain, conhecida como DocChain, projetada para garantir segurança e rastreabilidade em todo o processo de gestão de dados de saúde.

Até 2025, a SES-MG planeja expandir ainda mais esse projeto, colaborando com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para capacitar seus servidores em inteligência de dados e blockchain. O objetivo é assegurar que cada profissional compreenda a importância da tecnologia, o que permitirá que o cidadão receba um serviço mais ágil e seguro.

Além disso, o diferencial do projeto RDS-MG está na combinação da blockchain com a inteligência artificial (IA). Essa integração permite a criação de dashboards de monitoramento, que analisam dados dos pacientes em tempo real.

Segundo Lucas Mendes, Subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, a IA será uma ferramenta crucial para detectar riscos precoces, especialmente em pacientes com doenças crônicas, possibilitando ações preventivas e mais assertivas no tratamento.

Mendes ainda destacou que a tecnologia pode "melhorar a eficiência do sistema de saúde, reduzindo erros e facilitando a continuidade dos cuidados", o que promete revolucionar o acesso aos serviços públicos de saúde.

Atualmente o Ministério da Saúde já conta com uma rede própria construída em blockchain chamada Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS), construída com o Hyperledger Fabric.

A RNDS atualmente registra uma série de dados dos pacientes brasileiros em blockchain, entre eles, os testes de Covid-19, exames diversos e inclusive a vacinação contra o coronavírus. O RNDS usa um conjunto de tecnologias e não apenas blockchain e a proposta do Ministério da Saúde é expandir este  'big data' com todas as informações médicas dos usuários do SUS, 100% em blockchain e permitindo o compartilhamento destes dados por um sistema de APIs.

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