Crise do coronavírus cancela audiências e clientes da Unick Forex ficam sem prazo para receber

Depois de seis meses da operação Lamanai, da Polícia Federal do Brasil, que desmantelou o esquema da pirâmide da Unick Forex, os clientes da empresa seguem sem previsão para reaver ao menos uma parcela do dinheiro perdido junto à Unick.

Segundo matéria do Gaúcha ZH, os desfalques da empresa são avaliados em R$ 12 bilhões, conforme relatório da PF. O número total de vítimas ainda não foi estimado.

O processo contra a Unick Forex responsabiliza 15 pessoas pelo esquema, mas a pandemia de coronavírus levou ao cancelamento de audiências. Uma associação de clientes foi formada para tentar ingressar uma ação junto ao Ministério Público Federal, mas o pedido foi negado em primeira instância.

O advogado da associação, Demetrius Teixeira, diz:

"Queremos ingressar como assistentes de acusação para pedir a condenação deles (dos réus) pelos crimes que cometeram. Desde o início, entendemos que os sócios e diretores da empresa estavam cometendo ilícitos."

Ele defende também o aditamento da denúncia para incluir o crime de pirâmide financeira, além de defender o reparo financeiro dos clientes.

Um dos afetados pela empresa, o motorista Charles Morel, diz que pessoas próximas começaram a fazer negócios com criptomoedas e "se dar bem", levando-o até a Unick Forex. A empresa prometia 30% de lucro aos investidores:

"Vendi o meu carro, que valia R$ 12 mil, por R$ 7 mil para poder investir na Unick. E ainda peguei mais R$ 4 mil da minha tia e coloquei na Unick também. Hoje a Unick me deve mais de R$ 30 mil"

O supervisor de vendas Samuel Cruz de Souza, perdeu um carro na tentativa de lucrar com a Unick:

"Resolvemos vender o nosso carro e botar R$ 40 mil. No primeiro mês, veio o valor normal (o lucro). A gente sacou. No segundo mês, aconteceu o que aconteceu. Fechou. A minha mulher entrou em desespero, porque era a única coisa que a gente tinha"

A Unick tem todos seus bens e de seus sócios bloqueados no processo criminal que tramita na 7ª Vara Federal de Porto Alegre. Os clientes só devem ser indenizados com a condenação dos sócios e trânsito em julgado da ação.