Nesta semana, o governo dos EUA apreendeu US$ 3,6 bilhões (cerca de R$ 18,8 bilhões) em Bitcoin que haviam sido roubados no hack da exchange Bitfinex em 2016. Enquanto as manchetes se concentravam no peculiar casal preso por lavagem desses fundos, o evento levou a um efeito cascata em todo o mercado. Usando dados on-chain, percebeu-se rapidamente o efeito e as repercussões sobre o preço do Bitcoin e sobre a Bitfinex.

Linha do tempo dos eventos

Agosto de 2016 - quase 120.000 Bitcoins (no valor de US$ 72 milhões na época) foram roubados da Bitfinex, tornando-se o segundo maior hack em termos de Bitcoin. Na semana do hack, o Bitcoin caiu 40%, devido a esse roubo.

De 2016 - 2020 - anos se passam com quase nenhuma atividade de endereços vinculados ao hack da Bitfinex

Julho de 2020 e abril de 2021 - endereços vinculados fazem várias transações no valor de centenas de milhões

1º de fevereiro de 2022 - endereços fazem várias transações, muitas delas de 10.000 BTC. Um total de 94.643 BTC (aproximadamente US$ 3,6 bilhões) é transferido para um novo endereço

8 de fevereiro de 2022 - o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) anuncia que apreendeu mais de 94.000 Bitcoin e mais fundos frutos da lavagem de capitais do hack da Bitfinex

Fonte: ITB

Depois da enorme apreensão e prisão do casal que vivia uma vida de luxo nos EUA com o dinheiro do hack, o governo dos EUA tornou-se por sua vez o 5º maior detentor de Bitcoin em um único endereço.

Além disso, as transações que ocorreram em 1º de fevereiro levaram a uma alta anual nas entradas líquidas em grandes detentores (classificadas pelo IntoTheBlock como aquelas com mais de 0,1% da oferta circulante).

Embora ainda não esteja claro o que o DOJ fará com os fundos, o mercado seguiu reagindo às notícias, em particular o token LEO da Bitfinex, que teve um aumento maciço no preço após o anúncio.

Fonte: ITB

Atividade curiosa  

O token LEO atingiu um novo recorde histórico depois que o governo dos EUA apreendeu os fundos roubados, mas antes dessa informação tornar-se pública.

A Bitfinex detalha no whitepaper do LEO que pelo menos 80% dos fundos recuperados de hacks anteriores iriam comprar e queimar tokens LEO.

Isso implicaria entradas de US$ 2,8 bilhões no token LEO, que tinha um valor de mercado de US$ 3,2 bilhões antes da recuperação dos fundos.

Curiosamente, o LEO começou a subir uma semana antes do DOJ anunciar que havia recuperado os fundos. Ao mergulhar nos dados on-chain do LEO, observamos que a atividade do token ERC-20 cresceu desde que o DOJ assumiu o controle dos 94.000 Bitcoins.

Fonte: ITB

Do volume diário de US$ 60 mil para US$ 560 mil 

O volume diário de transações on-chain do LEO teve uma média de apenas US$ 63 mil em janeiro e subiu para US$ 566 mil no dia em que os fundos foram recuperados. Embora o volume seja relativamente pequeno, isso representa um aumento de quase 10 vezes no volume.

Então, em 4 de fevereiro, o volume de transações do LEO subiu para mais de US$ 3 milhões.

O tamanho médio da transação naquele dia foi de US$ 94 mil, sugerindo que a atividade foi dominada por alguns endereços fazendo grandes transações.

Embora não se possa afirmar que haja correlação de um evento com o outro, isso não significa necessariamente que devemos começar a apontar o dedo para as pessoas. A recompra do LEO foi especificada no whitepaper e as transações vinculadas ao endereço dos hackers são públicas no blockchain.

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