O Ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, voltou a ter um "dia de fúria" depois de receber uma série de críticas sobre sua atuação à frente da pasta. 

Nesta semana, a atuação de Guedes no combate à crise econômica recebeu críticas dos principais veículos de mídia do país, entre eles o jornal O Estado de S. Paulo e a Revista Veja.

O Estadão escreveu que a imagem respeitável que Guedes trouxe ao governo Bolsonaro transformou-se em "ceticismo ou até mesmo chacota", enquanto a Veja publicou um artigo sob o título: "Por que ninguém mais acredita em Paulo Guedes?", cravando que Guedes perdeu a credibilidade e que é um "Ministro sem rumo".

As críticas são geralmente calcadas no estilo "pouco preciso" e até mesmo "limitado" de Paulo Guedes, que chegou nas últimas semanas a "anunciar oficialmente" que a crise econômica no país teria acabado - o que não convenceu quase ninguém.

Em outras declarações durante a pandemia, Guedes também fez declarações irreais sobre os planos do governo para a economia e no combate à pandemia - sempre recuando diante da péssima repercussão.

Diante do ceticismo, Guedes não baixou a guarda e foi ao ataque nesta semana, o que acabou afetando inclusive alguns de seus "aliados" mais próximos, como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 

Campos Neto, que já afirmou que o Brasil terá uma moeda digital,  declarou nesta semana que o "Brasil precisa de um plano que indique preocupação com a trajetória da dívida" e atingiu Guedes, que sentiu e respondeu:

"O presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, peça ele qual o plano dele. Pergunta ele qual o plano dele para recuperar a credibilidade. O plano nós já sabemos qual é, nós já temos. Você acha que nós queremos privatizar ou estatizar empresa? Abrir economia ou fechar economia? Qualquer pessoa sabe qual o nosso plano. Agora, quem tiver sentindo falta de um plano econômico quinquenal, dá um pulinho ali na Venezuela, na Argentina. Ali está cheio de plano. O nosso plano é transformar a economia brasileira numa economia de mercado."

O estilo "truqueiro" do Ministro da Economia também veio à tona em outras declarações do ministro desta quarta-feira. A recessão econômica, o real desfigurado, a escassez de produtos no mercado interno e a perspectiva de inflação - lembrando que o real já desvalorizou mais de 40% frente ao dólar-, que colocam pressão sob sua atuação, levaram Guedes a tentar narrativas "alternativas" para a crise. Ele chegou a dizer nesta semana que "a falta de produtos no mercado interno é bom sinal".

Apesar de ser responsável por mais uma crise política no governo Bolsonaro, Paulo Guedes ainda crê que tem lastro para colocar seus planos para a pasta, dizendo inclusive - novamente ao seu estilo - que a "economia está acelerada":

"A Bolsa sobe todo dia e o ministro está sem credibilidade? Eu sempre aprendi que é o contrário. A economia está acelerada, a geração de empregos está acelerada, a Bolsa sobe todo dia. E os mesmos perdedores da eleição de sempre insistem na mesma narrativa desde o primeiro dia do governo. No dia que a Bolsa estiver caindo 50% e o dólar explodindo, aí vocês vão dizer 'é, falta credibilidade'."

Guedes ainda cobrou "observância aos fatos" da mídia e disse que "não quer elogios", para depois mais uma vez fazer uma de suas promessas sobre o impacto das reformas defendidas pelo governo:

"Não peço elogios. Mas vocês deviam estar observando os fatos empíricos. Não se falou tanto em ciência, em fatos? Olhem os fatos, olhem o que foi feito antes. Nós entramos, fizemos a reforma da Previdência imediatamente, derrubamos os juros, economizamos agora mais R$ 300 bilhões com a reforma administrativa e mais de R$ 150 bilhões quando combinamos que não vai haver aumento de salários para o funcionalismo no meio da pandemia. Estamos fazendo coisas importantes"

Em mais um exercício de retórica, Paulo Guedes disse que "o mercado faz novas altas todos os dias" e que os investidores estão mostrando confiança na política econômica - apesar da fuga recorde em 2020. Ele também disse que "o dólar está descendo", quando na verdade a moeda segue próxima ao recorde histórico anotado neste ano e o próprio Guedes já admitiu que a moeda americana pode custar R$ 6, e que a bolsa está "subindo" e os "investimentos entrando", com a "economia voltando em V".

Finalmente, ele disse que as críticas a ele são "completamente injusta" e que a "agenda de privatizações foi bloqueada" por "acordos políticos na Câmara" - sem citar que o impacto da pandemia de Coronavírus e que os acordos políticos foram arranjados por seu próprio governo para proteger polticamente a má atuação de Jair Bolsonaro diante da crise sanitária e econômica.

E terminou:

"O que adianta ficar jogando pedra? É como se você tivesse tentando ajudar e sendo apedrejado pelas costas o tempo inteiro. E quando a crítica é injusta, ela não merece respeito."

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