O ex-CEO da FTX Sam Bankman-Fried enfrenta oito acusações e pode pegar 115 anos de prisão, mas há "muita água para rolar" até que ele receba uma sentença definitiva em meses ou mesmo anos, disseram especialistas jurídicos ao Cointelegraph.

"É difícil dizer nesta fase qual será o resultado provável, mas as apostas são realmente muito altas. As sentenças em grandes casos de fraude podem variar. Bernie Madoff recebeu uma sentença de 150 anos em 2009, enquanto no caso da Enron alguns anos antes, as sentenças aplicadas pelos promotores foram muito mais baixas", afirmou Richard Cannon, sócio da Stokoe Partnership Solicitors.

Como Bernie Madoff, um financista americano que fraudou milhares de investidores em dezenas de bilhões de dólares durante um período de 17 anos, SBF usou sua credibilidade para encobrir os problemas da FTX e o fluxo de dinheiro desviado para a Alameda's Research. O esquema de Madoff também entrou em colapso em um mercado de baixa, e ele foi condenado e obrigado a pagar US$ 170 bilhões às vítimas. No entanto, apenas US$ 4 bilhões foram pagos 13 anos depois, de acordo com o Madoff Victims Fund.

No caso da Enron, os executivos da empresa de energia foram condenados anos depois do escândalo. Kenneth Lay, um dos fundadores da empresa, morreu antes de ser condenado a 45 anos de prisão, enquanto Jeffrey Skilling, ex-CEO da Enron, cumpriu 12 anos de sua sentença de 24 anos.

Quanto a SBF, as acusações incluem conspiração para cometer fraude eletrônica contra clientes e credores, fraude de valores mobiliários, fraude de commodities, lavagem de dinheiro e conspiração para fraudar os Estados Unidos e violar a lei de financiamento de campanha eleitoral.

"Dada a quantia sem precedentes de dinheiro em questão aqui, SBF estará sujeito a um alto intervalo de orientação [para uma sentença]. No entanto, existem fatores atenuantes - ele pode renunciar à extradição, ele pode cooperar com as investigações, ele pode ajudar a localizar os fundos das vítimas. Haverá ainda muitas disputas nos tribunais nos próximos meses e até anos", observou Ari Redbord, chefe de Assuntos Jurídicos e Governamentais da TRM Labs, uma empresa de inteligência de blockchain.

O processo de extradição das Bahamas para os Estados Unidos é o próximo passo nesta batalha legal. "O réu não renunciou ao seu direito de contestar a extradição e uma audiência está marcada para fevereiro. Até lá as coisas podem mudar, especialmente enquanto o réu permanecer detido, ele pode querer mover o processo. Isso signfica que SBF pode renunciar à extradição ou pode contestá-lo na audiência", comentou Redbord.

O ex-CEO da FTX teria contratado Mark Cohen, ex-promotor federal, para atuar como seu advogado de defesa. Conforme relatado pelo Cointelegraph, Cohen é cofundador do escritório de advocacia Cohen & Gresser e foi membro da equipe de defesa no polêmico caso de Ghislaine Maxwell, condenada a 20 anos de prisão por tráfico sexual de crianças.

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