Resumo da notícia:

  • Um jovem paulista está sendo acusado de estelionato amoroso em série, incluindo promessa de "investimentos em criptomoedas" para garantir um futuro juntos.

  • O dinheiro das vítimas era desviado para despesas cotidianas e, principalmente, para financiar o vício em apostas esportivas online (bets) do acusado.

  • O acusado nega que tenha praticado golpes e alega ausência de provas.

Um jovem paulista de 26 anos, que se apresentava como estudante de medicina, investidor, evangélico e kitesurfista, está sendo acusado de praticar uma série de golpes românticos em diversos estados brasileiros.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, Matheus Machado ostentava um estilo de vida de luxo e riqueza em redes sociais e aplicativos de relacionamento para se aproximar de mulheres jovens, bem-sucedidas e com alto poder aquisitivo.

A dinâmica dos golpes, conforme o relato de diversas vítimas, consistia em juras de amor e promessas de um futuro em comum. Após conquistar a confiança das parceiras, invariavelmente surgiam pedidos de auxílio financeiro, sugestões de investimento em criptomoedas, cartões clonados, resultando no gasto indiscriminado do dinheiro das vítimas.

O caso veio à tona quando um grupo de mulheres com histórias em comum se uniu para desmascarar o golpista, num caso que remete ao documentário da Netflix “O Golpista do Tinder.”

Investimentos em criptomoedas para o futuro

As ações judiciais e os boletins de ocorrência registrados contra Matheus o acusam de estelionato, ameaças e abuso psicológico.

Rodrigo Soares, delegado de Caraguatatuba (SP), conta que o roteiro de sedução de Machado incluía propostas de “investimento em criptomoedas e dólares, salientando que seriam uma forma de estruturar um futuro juntos.”

Segundo o boletim de ocorrência registrado por uma das supostas vítimas, ela teria feito 51 transações em benefício do acusado, incluindo transferências bancárias, Pix e pagamentos com cartão de crédito, totalizando R$ 104.576,56.

O delegado afirma, no entanto, que não se trata de um caso isolado: histórias como a de Matheus são cada vez mais comuns devido à facilidade de iniciar relacionamentos por meio de aplicativos digitais:

“É cada vez mais comum estelionato amoroso usando redes sociais. Se não deu certo com uma, passa para outra. O cara vai aumentando o nível de golpes para conseguir mais dinheiro. É um desvio criminoso com o intuito de enriquecer ilicitamente às custas de mulheres.”

No caso de Matheus, os supostos investimentos em criptoativos não chegaram a se concretizar. Foram utilizados apenas como uma fachada para roubar as vítimas. Os relatos e as investigações sugerem que o dinheiro era desviado para uso em despesas cotidianas e, principalmente, em apostas esportivas on-line (bets).

Segundo os relatos das ex-namoradas, Matheus admitia ser viciado em apostas. Em um laudo médico, o acusado afirma que o hábito de fazer apostas esportivas cresceu em frequência e valor nos últimos seis anos. Matheus chegou a reconhecer, durante a avaliação clínica, que causou prejuízos financeiros a familiares e às mulheres com quem se envolveu, mas alegou que pretendia devolver o dinheiro emprestado com lucros em apostas.

Acusado nega estelionato amoroso e alega falta de provas

O acusado negou à reportagem que tenha aplicado golpes financeiros às supostas vítimas e garantiu que não há provas concretas que o incriminem:

“Quanto às denúncias feitas, irei averiguar cada uma delas, pelas informações infundadas, e com o meu direito de defesa, chamarei todos os envolvidos judicialmente.”

Golpes românticos com finalidade de obter vantagens financeiras sobre as vítimas não são uma exclusividade brasileira e frequentemente envolvem criptoativos. Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, um cidadão norte-americano acusa o Citibank de negligência por permitir que uma rede de criminosos embolsasse US$ 20 milhões em um golpe de que foi alvo.

A denúncia afirma que as transações faziam parte de um elaborado golpe romântico, conhecido como “pig butchering” (abate de porcos, em tradução livre), no qual golpistas usam identidade falsa para construir um relacionamento com a vítima e, em seguida, induzi-la a entrar em um esquema fraudulento de investimentos em criptomoedas.