Desde o ano passado, os clientes da exchange Stratum têm reportado uma série de atrasos nos saques da plataforma nas últimas semanas, tanto no Reclame Aqui quanto através de e-mails enviados ao Cointelegraph Brasil.
O Cointelegraph contou mais de 181 reclamações abertas no Reclame Aqui da empresa, quase todas reclamando de atrasos ou bloqueio nos saques da exchange. A Stratum tem respondido à maioria das reclamações, encaminhando os clientes ao suporte da empresa e declarando que os saques só são liberados depois de verificações legais.
Contudo, diversos clientes vêm relatando que mesmo depois de cumprir todas as tarefas indicadas pelo suporte da plataforma, o dinheiro ainda não foi liberado.
"A Stratum exige que para sacar você leve ao cartório e reconheça firma um documento para mostrar que 'você é você mesmo', no qual foi enviado. Estou com um saque de quase R$ 50.000,00 para receber desde o dia 12 de maio de 2021. Já mandei inúmeros emails e a resposta é sempre a mesma que estão fazendo um processo de compliance de Hong Kong."
Com as reclamações abertas e poucos casos resolvidos, o Reclame Aqui derrubou a avaliação da Stratum no site para 3,2, uma nota considerada ruim e que classifica a empresa como "não recomendada".
Rocelo Lopes fala sobre problemas com saques na Stratum
Um dos principais nomes do mercado de criptomoedas no Brasil, Rocelo Lopes, atuava como CEO da Stratum desde 2017 e, em uma entrevista ao canal Rodrix Digital, revelou o que vem ocorrendo com a empresa e porque as pessoas estão com problemas em retirar suas criptomoedas na plataforma.
Ao contrário do que circulava no mercado, Lopes revelou que não era dono da Stratum, e contou que a exchange pertence a um fundo, em Hong Kong, que em 2017, realizou a compra da CoinBR, empresa de criptomoedas criada por Rocelo ainda em 2013.
Com o aporte a Stratum passou a comandar a CoinBR e outras empresas do grupo, como uma fazenda de mineração no Paraguai. Lopes revelou também que pelo aporte ficou definido em contrato que ele comandaria o grupo, como CEO, até 2022.
No entanto, o empresário revelou que a partir de 2019, algumas mudanças começaram a serem feitas nas plataformas, incluindo processo de KYC, custódia de criptoativos, entre outras ferramentas implementadas na Stratum e que acabaram conflitando com o que Lopes acreditava para o mercado.
"Então em 2020 começamos a receber diversas solicitações de instituições responsáveis por investigações, pedindo para bloquear fundos e usuários. Neste ano recebemos também uma ordem para bloquear transações de um grupo grande de carteiras. Essa ordem foi direto para o CTO que fica na Costa Rica. Ele me ligou e disse que havia recebido uma ordem para bloquear diversas carteiras, inclusive a minha", disse.
Lopes disse que foi até a Costa Rica conversar com o CTO para entender o caso e, quando chegou la, já havia outra lista com o nome de 180 pessoas que teriam suas contas bloqueadas por receberem criptomoedas de endereços específicos ligadas a uma investigação em curso.
O empresário afirmou que, descontente com a situação, conversou com os diretores e donos do grupo e pediu demissão, acreditando que ela não seria aceita. Contudo, para sua surpresa ele foi demitido na hora.
E agora, o que fazer?
Rocelo revelou que por conta dos saques bloqueados na plataforma acabou recebendo ameaças, inclusive com alguns clientes descontentes ameaçando o empresário de morte.
Lopes também afirmou que os clientes que se sentirem lesados podem procurar a justiça brasileira para resolver o caso, mas informou que acredita que o melhor caminho é a conversa com os representantes da exchange pois a investigação estaria sendo conduzida pela Interpol em parceria com a Polícia Federal no Brasil.
"Infelizmente o melhor a fazer é esperar a investigação ser finalizada e os saldos serem liberados", afirmou.
Após a materia ser publicada a Assessoria de Rocelo Lopes entrou em contato com o Cointelegraph para atualizar algumas informações:
"Com relação à matéria publicada na Cointelegraph, a assessoria de imprensa de Rocelo Lopes comunica que todos os usuários que se sentiram lesados com a corretora Stratum Blockchain Tech devem buscar seus direitos juntamente com os canais jurídicos da empresa, sediada em Hong Kong.
Já sobre a CoinBR, ressaltamos que a empresa não faz parte do grupo econômico Stratum. A CoinBR atuava somente como gateway de entrada e saída em alguns casos, juntamente com outras empresas brasileiras, que prestavam este serviço também"
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