A fintech britânica Revolut anunciou planos de expandir as suas operações no Brasil com o oferecimento de serviços de conta e cartões locais, e integração com o Pix.
A Revolut começa a investir na prestação de serviços voltados para o mercado doméstico um ano depois de iniciar as suas operações no Brasil e 11 meses depois de receber do Banco Central a Licença de Sociedade de Crédito Direto. A licença permite que a empresa ofereça serviços vinculados ao sistema financeiro local, qualificando-a efetivamente como um banco digital.
Em um mercado altamente competitivo e próximo da saturação, a fintech britânica optou por iniciar as suas operações no Brasil com foco em contas individuais globais. Os usuários do aplicativo da Revolut podem realizar gastos no exterior em mais de 30 moedas fiduciárias, facilitando compras internacionais e a gestão de recursos de forma simples e descomplicada em viagens ao exterior.
Além disso, a empresa viabiliza o acesso direto ao mercado acionário dos Estados Unidos, permitindo que usuários invistam em papéis como os de Big Techs como Apple e Nvidia com aportes iniciais de US$ 1.
A estratégia de focar inicialmente em serviços no exterior é parte do DNA da Revolut, como explicou Glauber Mota, CEO da fintech no Brasil, à Istoé Dinheiro:
"O nosso objetivo principal é ser uma plataforma global com serviços locais, e essa é a maneira de se colocar no mercado com um diferencial competitivo."
Atualmente, a Revolut opera em 40 países e conta com mais de 40 milhões de clientes. No entanto, a empresa não revela qual é a sua base de clientes no Brasil. Segundo Mota, o modelo adotado pela fintech é único no contexto brasileiro:
“Quando a gente olha a nossa concorrência, alguns são uma plataforma de vendas aqui no Brasil que usam bancos a serviço no exterior, outros são bancos só regulados no Brasil ou uma instituição financeira regulada no Brasil.”
Com o lançamento da conta local, a ambição de Mota é, futuramente, unificar os serviços oferecidos no Brasil e no exterior em uma conta única:
“Se o cliente vai viajar, não é que ele está com um puxadinho da sua conta. É [uma conta] verdadeiramente global, e [a Revolut] é a única que está fazendo isso. Mas a gente pode vislumbrar que daqui a um tempo seja também uma conta local. Ou seja, com a mesma conta que a pessoa tem aqui no Brasil ela vai para fora, como se ela não precisasse fazer nada.”
Embora não tenha estabelecido um prazo para o lançamento dos serviços voltados para o mercado local, Mota revelou que a Revolut "acabou de receber permissão para emitir cartão no Brasil, e estamos trabalhando para fazer a conta local e a conexão com o Pix.”
Investimentos em criptomoedas
A fintech também chegou ao Brasil com pretensão de concorrer com as principais exchanges de criptomoedas em operação no país, como a Binance e o Mercado Bitcoin. Atualmente oferece serviços de negociação de mais de 100 pares de negociação de criptomoedas.
Apesar da variedade de criptoativos ofertados em comparação com fintechs de perfil similar como o Nubank, o aplicativo da Revolut não possibilita a transferência dos tokens para carteiras externas. Esta limitação impede que os usuários optem por soluções de autocustódia, interajam com aplicações de finanças descentralizadas (DeFi) ou utilizem serviços de staking para obter rendimentos sobre os seus ativos em carteira, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião do lançamento da plataforma no país.
A Revolut chegou a atingir US$ 33 bilhões em valor de mercado em julho de 2021. Assim como muitas outras startups do setor de tecnologia, a fintech teve o seu valuation revisto para US$ 17,7 bilhões em 2023. Desde então, recuperou apenas parte do seu valor de mercado e está avaliada em US$ 25,7 bilhões de acordo com uma reportagem publicada pela Bloomberg em 15 de abril.