O mercado de criptomoedas perdeu mais de US$ 200 bilhões nas últimas 24 horas, levando o Bitcoin (BTC) ao seu preço mais baixo desde meados de outubro, com uma desvalorização intradiária de 7%, e derrubando o Ethereum (ETH) abaixo de US$ 4.000, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Enquanto analistas do mercado tradicional se referem à atual queda como "sexta-feira vermelha" e dizem que o pior ainda pode estar por vir, para os especialistas do mercado de criptomoedas trata-se apenas da esperada Black Friday, uma oportunidade para acumular mais moedas a preços baixos antes da retomada da tendência de alta.

As liquidações do mercado de criptomoedas acompanharam as perdas dos mercados de ações e do índice do dólar norte-americano, as quais teriam sido motivadas pelo anúncio de uma nova variante do coronavírus descoberta na África do Sul.

Uma reportagem publicada pela Forbes destacou a correlação do mercado de criptoativos com o mercado tradicional. Inclusive o paralelismo incomum entre as criptomoedas e o dólar, que costumam se movimentar em direções contrárias, e alertou que os investidores devem ficar atentos a possível fuga de capital de ativos de risco, a qual poderia derrubar ainda mais o preço das criptomoedas.

Alex Kuptsikevich, analista sênior de mercado da FxPro, afirmou que o preço do Bitcoin não é mais totalmente invulnerável aos movimentos do mercado tradidional, em parte devido a pariticipação cada vez maior de investidores institucionais no mercado de criptomoedas:

"Com o aumento da volatilidade do mercado de ações, os investidores de criptomeodas devem ficar de sobreaviso. Por causa do caso de amor dos investidores institucionais com o mercado cripto, o Bitcoin é substancialmente vulnerável a momentos de liquidação de ativos de risco, independentemente das perspectivas. O grave risco que recai sobre ele arrasta todo o mercado de criptomoedas."

A cotação do par BTC/USD caiu para o nível mais baixo desde 6 outubro, chegando a 53.500. No momento em que este texto está sendo escrito, o preço do BTC está na faixa dos US$ 54.000 e a volatilidade é bastante alta. A vela verde no gráfico de 4 horas parece encerrar momentaneamente o sangramento da madrugada.

Gráfico de 4 horas BTC/USD. Fonte: Trading View.

Já os especialistas e investidores do mercado de criptomoedas estão confiantes de que a queda recente é apenas mais um movimento radical natural dos preços dos criptoativos. Com uma perspectiva semelhante a de Kuptsikevich, Nigel Green, executivo-chege do Grupo deVere, oferece uma perspectiva mais otimista para os traders:

"Desencadeado por uma mini-onda de incerteza, os movimentos paralelos do mercado cripto e dos mercados de ações mostram que os ativos digitais agora estão mp mainstream. As manchetes provocaram uma reação instintiva, tornada mais pronunciada porque grande parte do mercado estava comemorando o Dia de Ação de Graças, sem operar. Esta [queda do preço do Bitcoin] terá vida curta, com as criptomoedas provavelmente se recuperando no curto prazo, já que os investidores mais uma vez se concentrarão no aumento dos temores de inflação global."

Embora Green tenha baseado suas afirmações na narrativa de que o Bitcoin é o melhor ativo de proteção contra a inflação, a recente queda do Bitcoin veio acompanhada de uma alta do ouro. Justamente o ativo com que o Bitcoin compete quando se trata de ativos de reserva de valor no longo prazo.

Ao mesmo tempo, alguns analistas apontaram que a queda no preço do Bitcoin ocorre em meio a uma queda na taxa de hash - a medida do poder computacional mobilizado pela rede Bitcoin para realizar e validar transações.

Jason Deane, analista da empresa de pesquisa de criptoativo Quantum Economics, disse à reportagem que esta coincidência emite um sinal negativo ao mercado:

"Tanto a taxa de hash quanto o preço caíram juntos de uma forma que sugere que não se trata de uma coincidência. Embora existam outros fatores em jogo, minha visão inicial é que esta queda é uma reação exagerada do mercado a algo que parece ser um problema, mas não o é em termos reais. Este é o poder de um sistema descentralizado."

Deane completou seu raciocínio dizendo que a volatilidade deve se manter alta no curto prazo e que "os traders podem esperar uma viagem acidentada enquanto o mercado faz a sua própria avaliação."

Buscando respostas à liquidação da última madrugada, reportagem do Cointelegraph relembrou que uma forte queda do Bitcoin ocorreu no ano passado exatamente nesta época. Em meados de novembro de 2020, o par BTC/USD caiu para cerca de US$ 16.400 - para em seguida superar a faixa de US$ 20.000, renovando sua máxima histórica pela primeira vez em três anos.

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