O investidor lendário Ray Dalio afirmou que o mundo está “à beira” do colapso da ordem monetária global, um processo acelerado pelas novas tarifas da administração Trump.
As tensões comerciais estão fraturando as ordens monetária, política e internacional ao impulsionar a desglobalização e desequilíbrios comerciais insustentáveis, afirmou Dalio, ex-CEO da gestora de fundos Bridgewater Associates, em um post publicado em 28 de abril no X.
Dalio acrescentou que isso está causando danos irreversíveis, e que um número crescente de importadores e exportadores, especialmente entre Estados Unidos e China, está reduzindo drasticamente suas interdependências e “fazendo planos alternativos.”
“[Eles estão] reconhecendo que, independentemente do que aconteça com as tarifas, esses problemas não desaparecerão, e que reduzir radicalmente as interdependências com os EUA é uma realidade para a qual é preciso se planejar.”
Dalio destacou que o papel dos Estados Unidos como maior consumidor mundial de bens manufaturados e maior emissor de dívida parece cada vez mais insustentável, e que acreditar que parceiros comerciais continuarão vendendo para os EUA em troca de dólares seria uma “visão ingênua.”
Como consequência, ele apontou que mais países poderão criar novas redes de comércio que utilizem moedas alternativas para fugir da dependência do dólar.
Embora Dalio não tenha especificado qual alternativa poderia desafiar a dominância do dólar, ele já defendeu ativos de “dinheiro forte” como Bitcoin (BTC) e ouro em momentos de incerteza global.
Menos confronto, mais coordenação
O bilionário pediu mais calma e ações coordenadas por parte dos EUA para lidar com os desequilíbrios comerciais e se tornar mais autossuficiente.
Segundo Dalio, atacar diretamente o problema da dívida pública dos EUA traria resultados muito melhores do que “o caminho que aparentemente estamos seguindo.”
“Infelizmente, até agora não vimos as melhores soluções e, em vez disso, presenciamos conflitos e volatilidade preocupantes que estão ensinando lições e levando a consequências irreversíveis.”
Ele aconselhou investidores e formuladores de políticas a focarem menos em movimentos diários do mercado e anúncios de políticas e mais nas “grandes mudanças fundamentais” na ordem mundial.
A China foi o país mais atingido pelas tarifas impostas pela administração Trump, com um imposto de 145% sobre todas as importações. Já os vizinhos Canadá e México receberam tarifas de 25% sobre a maioria dos produtos.
Outros países-chave na fabricação de equipamentos de mineração de Bitcoin, como Tailândia, Indonésia e Malásia, também foram afetados com tarifas de 36%, 32% e 24%, respectivamente, o que já impactou as importações de máquinas para os EUA.