Nesta quarta, 06, em uma palestra no Blockchain Rio, o presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, deixou claro: o Pix continuará público, gratuito e avançando com novas funções que ampliam o acesso ao sistema financeiro.
Desse modo, ele desmentiu boatos de que o Pix seria privatizado ou que ele deixaria de estar no controle do Banco Central do Brasil.
Durante evento sobre inovação tecnológica, o executivo destacou a importância da continuidade institucional, desmentiu rumores sobre a privatização da plataforma e apresentou as novidades do chamado Pix 2.0, que traz melhorias em inclusão, segurança e crédito.
“O Pix vai permanecer como uma infraestrutura pública digital, gerida pelo Banco Central. Essa decisão é essencial para garantir neutralidade, inclusão e concorrência justa”, afirmou Galípolo, ao explicar que qualquer tentativa de privatização poderia colocar em risco o equilíbrio do ecossistema financeiro.
Segundo ele, a gestão pública do Pix evita conflitos de interesse e assegura que todos os agentes do mercado operem em igualdade de condições, como em uma rodovia federal.
Pix é inovação com segurança e impacto social
Durante seu discurso, Galípolo usou a metáfora de um ornitorrinco para definir o Banco Central.
“Tem bico de pato, pelo, bota ovo, dá leite... é difícil de classificar. Assim como o BC, que inova com prudência”. O presidente lembrou que o projeto do Pix nasceu em 2013 e foi resultado de uma "corrida de bastão" entre sucessivas gestões do Banco Central.
Desde o lançamento em 2020, o Pix já soma mais de 858 milhões de chaves cadastradas e 2,8 bilhões de transações só em 2025, movimentando mais de R$ 1 trilhão no período.
O crescimento exponencial mostra o impacto direto da ferramenta na inclusão financeira: a porcentagem de brasileiros que usam Pix para compras saltou de 46% em 2021 para 74% em 2024, segundo pesquisa do próprio BC.
E mais: o uso de cartões de crédito e débito também cresceu. Ou seja, o Pix não canibalizou outras formas de pagamento — ele expandiu o sistema, ao atrair milhões de brasileiros antes fora do circuito bancário.
Pix 2.0: aproximação, parcelamento e garantia de crédito
Galípolo apresentou o Pix 2.0, que está em fase de implementação e deve estar completo até o início de 2025. Entre as novidades já disponíveis, está o Pix por aproximação, que permite pagamentos rápidos pelo celular, com segurança mantida por meio de autenticação biométrica e acesso ao app bancário.
Outro destaque é o Pix Automático, pensado para cobranças recorrentes, como academias, escolas e assinaturas de streaming. Ele elimina barreiras como tarifas altas e necessidade de convênios entre empresas e bancos. Isso beneficia principalmente os 60 milhões de brasileiros sem cartão de crédito, que agora podem acessar serviços antes inacessíveis.
Já o Pix Parcelado permite que os consumidores dividam o pagamento, enquanto o vendedor recebe o valor à vista. Com isso, reduz-se o custo da transação e democratiza-se o consumo, mesmo para quem não tem acesso ao crédito tradicional.
No campo da segurança, o Banco Central avança com o MED 2.0, que permitirá contestar transações diretamente pelo app bancário, especialmente em casos de fraude. Galípolo explicou que o sistema será digital, intuitivo e ágil, protegendo os usuários de golpes por engenharia social.
A última novidade é o Pix como garantia, que permitirá o uso de fluxos futuros de pagamentos como colateral para obtenção de crédito. O presidente defende que isso reduz o risco para os bancos e, consequentemente, os juros cobrados, em especial para trabalhadores autônomos e informais.
O Pix é uma ferramenta estratégica para o futuro do país, destacou Galípolo. Ele reforçou que, mais do que uma tecnologia de pagamento, o sistema se consolidou como infraestrutura crítica de soberania nacional. “Estamos preparados para liderar a revolução digital do sistema financeiro brasileiro”, concluiu.