Nesta quarta, 06, durante o primeiro dia do Blockchain Rio 2025, o senador Carlos Portinho defendeu publicamente a adoção da tecnologia blockchain em diversas frentes do serviço público brasileiro.

Segundo ele, o país precisa superar tabus e avançar com responsabilidade rumo à transformação digital.

Portinho destacou que sua experiência como gestor estadual e municipal o levou a perceber um grande desafio: falta de soluções tecnológicas no cotidiano da administração pública. Para ele, é justamente nesse ponto que o blockchain pode oferecer valor.

"A gestão pública precisa de soluções eficientes, e essas soluções estão na tecnologia. Precisamos inserir os governos no mundo digital," declarou o senador.

Blockchain pode fortalecer o sistema eleitoral

Carlos Portinho também propôs o uso da tecnologia blockchain no processo eleitoral brasileiro. Sem sugerir mudanças nas urnas eletrônicas em si, ele defendeu a ideia de utilizar o blockchain nos bastidores do sistema, reforçando a integridade e a inviolabilidade dos dados.

"O voto é do cidadão e deve ser inviolável. Mas o sistema também precisa ser. Por que não usar blockchain para garantir isso?", questionou.

Segundo o senador, países ao redor do mundo já utilizam essa tecnologia para tornar os processos digitais mais seguros. No caso brasileiro, ele acredita que modernizar as zonas eleitorais com blockchain seria um passo natural, desde que bem debatido.

O senador, também aproveitou o evento para reforçar seu apoio à agenda digital do Banco Central, especialmente ao projeto do Drex, a moeda digital brasileira. Como relator do tema no Senado, ele afirmou que o debate precisa ocorrer com clareza e sem medo.

"Não podemos transformar inovação em tabu. Assim como falamos de blockchain nas eleições, temos que falar sobre o Drex com a mesma abertura," afirmou.

Ele elogiou a postura do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e destacou a importância da autonomia da instituição. Segundo Pontinho, tanto Galípolo quanto seu antecessor, Roberto Campos Neto, contribuíram significativamente para colocar o Brasil na vanguarda da inovação financeira.

Tecnologia em constante evolução

Além disso, ele reforçou que a tecnologia não é estática, e que o Brasil precisa acompanhar a velocidade das transformações globais. Ele sugeriu que, além da impressão do voto, o país comece a discutir com seriedade a adoção de sistemas blockchain em larga escala no setor público.

"Vamos pensar no sistema, na inviolabilidade, na integridade. Como diversos países já fazem. A gente não pode ficar para trás," concluiu.

Segundo o parlamentar, o Congresso não pode ignorar uma realidade que já movimenta governos e mercados no mundo todo.

"Por que não discutir uma moeda digital brasileira, se o mundo inteiro já vive essa realidade?", questionou Pontinho, ao criticar o silêncio político sobre o tema.

Para ele, a sociedade já está pressionando os governos a se posicionarem. Países como Estados Unidos e El Salvador, segundo o senador, estão liderando a adoção de ativos digitais com estabilidade e regras claras. Ignorar esse movimento, em sua visão, seria fechar as portas para a inovação.

Banco Central avança com Drex, mas falta marco jurídico

Pontinho destacou que o Banco Central do Brasil segue testando o Drex mesmo sem um arcabouço legal completo. A iniciativa começou na gestão de Roberto Campos Neto e tem continuidade sob a presidência de Gabriel Galípolo, que, segundo o senador, mantém o compromisso com a autonomia e a inovação tecnológica.

"O Banco Central é independente, por isso segue com os testes e avanços, mesmo sem o projeto final aprovado," afirmou.

O senador também lembrou que tramita na Câmara o projeto do deputado Eros Biondini (MG), que propõe permitir que o Brasil tenha reservas internacionais em moedas digitais. Para Pontinho, isso mostra que a agenda não é mais futurista: já é presente e exige regulação imediata.

Pontinho fez questão de reforçar que o debate sobre ativos digitais precisa incluir preocupações sociais, mas não pode se basear no medo. Ele defendeu que o Congresso abra espaço para discutir stablecoins, moedas digitais soberanas e aplicações como o Drex, com transparência e participação da sociedade.

"Se há preocupações sociais, não devemos fechar as portas, mas enfrentar o debate com responsabilidade," concluiu o senador.

El Salvador elogia o Brasil

Também durante o evento, Juan Carlos Reyes, presidente da Comissão Nacional de Ativos Digitais de El Salvador, destacou que ficou impressionado com o número de empresas do mercado de criptoativos no Brasil.

Além disso, Reyes, afirmou estar entusiasmado com o que o Brasil vem desenvolvendo em torno do mercado de criptomoedas.

“O número de empresas inovadoras que surgem do Brasil é extraordinário. O país já se consolidou como um dos ecossistemas mais relevantes do mundo em ativos digitais. Como representante de El Salvador — o país do Bitcoin — e dos ativos digitais por lá, estamos muito entusiasmados em ver tudo o que vocês têm realizado. E somos muito gratos pelo convite de nos unirmos a toda a América Latina sob o mesmo teto — junto com muitas empresas da América do Norte também. É algo realmente inspirador”, afirmou.