Alvos frequentes de hacks e ataques cibernéticos, os portadores de Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas têm cada vez mais enfrentado ações criminosas que colocam em risco não apenas os seus investimentos, mas também sua integridade física.

Um caso ocorrido nos Estados Unidos, em especial, chamou a atenção da comunidade de criptomoedas recentemente. Uma gangue composta por 13 membros praticou assaltos em diversos estados dos EUA, incluindo Flórida, Texas, Carolina do Norte e Nova York, com o objetivo principal de roubar criptomoedas. 

Os criminosos mantinham uma estrutura organizada para invadir contas de e-mail, identificar endereços públicos de carteiras e estudar a rotina de potenciais vítimas para planejar seus ataques, segundo uma reportagem da Wired.

De posse dessas informações, a gangue usava métodos brutais, como invasão domiciliar, agressão física, tortura e sequestro, para coagir as vítimas a entregarem suas senhas, chaves privadas e dispositivos de armazenamento de criptomoedas.

Apesar dos esforços, a gangue teve pouco sucesso em suas ações. A única grande soma obtida foi de um casal idoso da Carolina do Norte, de quem roubaram mais de US$ 150.000 em Bitcoin e Ether (ETH).

Operando entre 2021 e 2023, a organização criminosa começou a ruir a partir da prisão de seu líder, Remy Ra St. Felix, em julho de 2023, no estacionamento de um McDonald's em Nova York. Em 2024, St. Felix foi julgado e condenado pelo Departamento de Justiça dos EUA, enquanto outros membros da organização foram sentenciados devido aos crimes praticados.

Diante do aumento de casos de ameaças à integridade física de usuários de criptomoedas, Jameson Lopp, desenvolvedor do Bitcoin e fundador da carteira de criptomoedas Casa, lançou um alerta à comunidade, pedindo maiores cuidados com a segurança e a custódia de ativos digitais.

Lopp reconhece que ocorrências de violência física visando a extorsão de criptomoedas são registradas desde que surgiram os primeiros milionários do Bitcoin, mas afirmou que a incidência tem aumentado sensivelmente nos últimos anos – não apenas nos EUA, mas em todo o mundo:

"À medida que o valor do Bitcoin aumenta, ele atrai a atenção dos criminosos, especialmente os especialistas em tecnologia. Com a entrada de organizações criminosas na equação, é de se esperar que os ataques se tornem mais inteligentes, sofisticados e brutais."

Medidas para proteger criptomoedas de potenciais criminosos

Lopp afirmou que os criminosos costumam identificar potenciais alvos em redes sociais, eventos relacionados à indústria e, com maior sofisticação, através da varredura de dados online.

Para se proteger, os usuários devem adotar diversas camadas de proteção. A primeira medida é preservar ao máximo a própria privacidade. "A premissa fundamental é que, se os criminosos tiverem menos informações sobre você, é menos provável que eles o tomem como alvo", afirmou Lopp.

Um equívoco fatal, segundo o desenvolvedor, é portar chaves ou carteiras em lugares públicos, criando um ponto de vulnerabilidade fácil de ser explorado por criminosos: 

"Se você mantiver Bitcoin ou outras criptomoedas em uma exchange ou uma carteira instalada no seu celular, poderá ser forçado, contra sua vontade, a enviá-lo para o endereço do criminoso."

As táticas mais comuns de aproximação envolvem golpes de engenharia social viabilizados por vazamento de dados, encontros marcados através de aplicativos de relacionamento ou mesmo ataques direcionados, nos quais o algoz obriga a vítima a desbloquear seu celular em busca de aplicativos de criptomoedas.

Lopp oferece outras recomendações para minimizar as chances de extorsão de criptomoedas: 

  • Não use roupas ou outros adereços que revelem interesse em criptomoedas;
  • Não utilize criptomoedas para fazer compras em estabelecimentos comerciais;
  • Evite situações e locais em que há maior probabilidade de assaltos;
  • Jamais revele publicamente informações sobre a sua localização em tempo real e desative o rastreamento de localização em tempo real em aplicativos baixados e dispositivos móveis; 
  • Não use aplicativos de relacionamento em viagens no exterior;
  • Não ostente sua riqueza nas redes sociais.

Além das medidas de preservação da privacidade, Lopp recomenda a autocustódia de criptomoedas em carteiras frias, sem conexão com a internet, e a utilização de passphrases para adicionar uma camada extra de segurança, além da própria chave privada.

Não são apenas os crimes presenciais que estão em alta. Conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil recentemente os hacks de criptomoedas também aumentaram em 2024, aproveitando-se de vazamentos de dados e de práticas de armazenamento inapropriadas de chaves privadas.