Apesar de um período de recessão econômica ecoar sobre a América  Latina, o que já se vê pela desaceleração dos investimentos de capital de risco nas startups, que trocaram o acelerador pelo pedal de freio nos últimos meses, o CEO e cofundador do Nubank, David Vélez, em entrevista publicada pelo Bloomberg Línea, afirmou que a instituição financeira não deverá seguir a onda de demissões que atinge outras empresas, que anunciaram cortes massivos recentemente. Além disso, o empresário reforçou o compromisso do Nubank com as criptomoedas argumentando que elas representam uma tecnologia disruptiva pertencente ao futuro dos serviços financeiros e, de quebra, uma aposta de bullish (alta), na visão e Vélez. 

O executivo explicou os motivos pelos quais o Nubank anunciou a oferta de negociações em criptomoedas, que aconteceu por meio de uma parceria entre o banco e a plataforma Paxos. Segundo  David Vélez, a aproximação do Nubank com o mercado de criptomoedas está relacionada ao crescente interesse da base de clientes do banco, que migraram massivamente nos últimos meses das contas de poupança para as plataformas de criptomoedas. 

Ele disse ainda que o Nubank quer entender seus clientes que optam pelas criptomoedas e, ao mesmo tempo, prepara-se para o futuro, uma vez que os criptoativos, segundo ele, estarão no topo das tecnologias disruptivas dos serviços financeiros do futuro. Vélez revelou que o Nubank reservou 1% do balanço da empresa para o Bitcoin (BTC) e afirmou estar otimista em relação ao investimento de longo prazo, apesar dos riscos decorrentes da volatilidade da criptomoeda.

O empresário disse que será inevitável que o Nubank aumente suas taxas de juros porque o custo de captação sobe, embora, segundo ele, o Nubank pratique taxas mais baixas do que outros bancos. Apesar do momento de altas das taxas de juros e da inflação, ele revelou que o momento é mais benigno do que outras fases atravessadas pela empresa, entre elas a queda de 7% do PIB brasileiro em 2017, pior recessão no Brasil em 100 anos. 

O CEO também foi questionado sobre os prejuízos anunciados em um balanço referente ao primeiro trimestre de 2022. Ele explicou que o Nubank possui tem muito potencial de alavancagem operacional e que o número de clientes cresceu mais de 220% no último trimestre, além de investimentos do lucro do cartão de crédito, principal produto do banco, em novo produtos no Brasil. 

Em relação às operações do Nubank no México e na Colômbia, ele disse que a rentabilidade nestes países está em fase inicial e que o crédito anunciado recentemente para estes dois países, US$ 650 milhões, também será direcionado ao financiamento de cartões de crédito, embora ele não tenha confirmado outros investimentos em curto prazo nestes países, tampouco as metas para 2022, inclusive para o Brasil. 

Em relação a possíveis demissões, que aconteceu massivamente em startups da América Latina nas últimas semanas na esteira da situação macroeconômica, ele descartou esta possibilidade argumentando que o banco investiu muito em seus colaboradores para se tornar mais eficiente e que a meta é aumentar a eficiência operacional e cortar gastos desnecessários. Além disso, ele frisou que a empresa está em uma posição confortável após oferta pública inicial (IPO) em dezembro do ano passado, responsável pela captação de US$ 2,8 bilhões, dos quais mais de US$ 1 bilhão ainda estão em caixa. 

Ironicamente, o Nubank, que aposta nas criptomoedas em operações presentes e de olho no futuro, contou com US$ 1 bilhão do megainvestidor Warren Buffett, o "Oráculo de Omaha", um desafeto declarado do Bitcoin a ponto de declarar que não pagaria sequer US$ 25 por todo BTC do mundo, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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