Três anos depois de adotar o Bitcoin (BTC) como meio de pagamento de impostos municipais, o Rio de Janeiro segue postulando o título de “capital brasileira das criptomoedas” em uma disputa particular com Florianópolis, que se destaca por um ecossistema ativo de startups e usuários, e São Paulo, centro empresarial do país.

Sidney Levy, presidente da Invest.Rio, agência de promoção e atração de investimentos vinculada à Prefeitura do Rio de Janeiro, aposta na criação de uma comunidade que reúna empresas, desenvolvedores, usuários e o poder público para alavancar o protagonismo da capital fluminense no setor: 

“Se analisarmos os grandes negócios que têm sucesso no mundo hoje, quase todos criaram, simultaneamente, uma comunidade. Refiro-me a um grupo de pessoas que têm um interesse comum no desenvolvimento do mercado.”

Levy explica que a Invest.Rio atua como catalisadora deste movimento ao estabelecer uma ponte entre a iniciativa privada e os agentes públicos.

“O governo, em si, não gera desenvolvimento, mas sim as condições para que empresas e investidores possam prosperar", afirmou Levy em entrevista ao portal Panorama Crypto. “O objetivo da Invest.Rio é fazer a interlocução entre agentes de capital, profissionais qualificados, empreendedores, investidores, usuários e desenvolvedores de tecnologia para pautar uma agenda comum.”

Crypto Rio

A primeira iniciativa nesse sentido foi a criação do Crypto Rio, um grupo de trabalho que reúne representantes do setor com o intuito de propor ações para transformar o Rio em uma cidade criptofriendly:

“Acredito que uma das questões aqui no Brasil é a falta de liderança nos setores. A proposta do Crypto Rio preza pela formação de uma comunidade onde os concorrentes possam sentar à mesma mesa e pautar agendas em comum para dialogar com o governo.”

Levy destaca também que a prefeitura do Rio de Janeiro já abriga empresas do setor no "Porto Maravalley", complexo científico-tecnológico localizado no centro da capital, e outras devem se instalar no local em um futuro próximo.

Na gestão de Eduardo Paes (PSD-RJ), a prefeitura do Rio de Janeiro concedeu incentivos fiscais para atrair empresas do setor de tecnologia, reduzindo a alíquota do ISS de 5% para 2%. 

Além disso, destaca Levy, a cidade dispõe de mão de obra abundante e qualificada, especialmente nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Segundo o presidente da Invest.Rio, 10 mil pessoas são formadas anualmente nas universidades locais.

A disponibilidade de energia limpa completa o pacote de vantagens que a cidade tem a oferecer para os empreendedores do setor. “A combinação desses fatores constitui um apelo substancial para o desenvolvimento da cidade”, afirmou Levy.

Levy acredita que o ecossistema local de criptomoedas pode se beneficiar do status do Rio de Janeiro de símbolo do país e da cultura brasileira no exterior:

“O universo cripto depende muito de formar mentes e abrir a cabeça das pessoas para esse movimento, e o Rio é o lugar ideal para ser essa caixa de ressonância, onde se possa ‘botar a boca no trombone’ e a mensagem ressoe em todos os cantos.”

No entanto, Levy reconhece que o crescimento do ecossistema de criptomoedas no Rio não depende exclusivamente da disposição da prefeitura. “O sonho é que o Rio se torne a capital das criptomoedas no Brasil, mas reconhecemos que não é possível fazer isso sem apoio e estamos à disposição dos empreendedores de cripto para trabalhar ao lado deles na construção desse sonho", concluiu.

Em uma iniciativa que qualifica o Rio de Janeiro como pólo brasileiro do mercado de criptomoedas, a PUC-Rio anunciou uma parceria inédita com a Fundação Cardano e a Petrobrás para fortalecer o desenvolvimento e a pesquisa em tecnologia blockchain, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.