Em uma decisão, no mínimo polêmica, o Tribunal de Justiça do Amazonas, declarou que não vê resistência da Unick Forex em querer devolver os bitcoins de seus clientes, mesmo a empresa tendo sido acusada de ser uma das maiores pirâmides financeiras da história do Brasil, alvo da Operação Lamanai, ter 13 operadores presos pela Polícia Federal além de mais de R$ 200 milhões de reais bloqueados, 1500 bitcoins apreendidos, bens e veículos de luxo.

Na decisão, publicada em 17 de fevereiro, dentro do processo 0616275-86.2020.8.04.0001, aberto por um cliente da Unick, que teria perdido apenas R$ 924,24, contudo pede cerca de $ 10 mil em danos morais. Apesar do valor baixo, frente a milhares de pessoas que alegam ter perdido na empresa milhões acreditando em promessas de rendimento de até 4% ao dia por meio de supostas aplicações em bitcoin no mercado Forex. a decisão chocou clientes da empresa.

"INDEFIRO a concessão de tutela de urgência em razão de não constatar elementos, conforme Art. 300, CPC/2015 (...) não observo RESISTÊNCIA por parte da empresa Unick face a direito do autor, que seria, a devolução do dinheiro investido, considerando que a própria requerida já divulgou nota em que irá devolver os valores depositados. Por outro lado, caso este juízo concedesse a liminar a proceder com bloqueio de valores tanto do dinheiro investido como seu rendimento, iria de encontro ao divulgado pela empresa, que seja, a devolução", declarou.

Desde o seu lançamento, a cerca de dois anos, a Unick Forex levanta suspeitas de fraude e pirâmide financeira, sendo investigada pelo Ministério Público, Polícia Civil de diversos estados e pela Polícia Federal, que acabou realizando a Operação Lamanai, no ano passado, desarticulando as atividades da empresa.

Desde então, a investigação da PF vem revelando fatos sobre o suposto golpe que teria movimentado até R$ 28 bilhões de reais e, no qual, segundo escuta telefônica realizada no celular do presidente da empresa, Leidimar Lopes, nunca houve intenção de devolver qualquer valor aplicado pelos clientes.

"Nunca falei que ia devolver dinheiro investido para ninguém", teria declarado Lopes.

Como parte dos desdobramentos do caso, a Polícia Federal revelou que apreendeu, junto com Leidimar Lopes, apontado como chefe e principal mentor da Unick Forex, anotações na qual o 'presidente' da empresa afirma ter mais de R$ 5 bilhões em Bitcoins e imóveis que teriam sido adquiridos para ele com dinheiro aportado pelos clientes na empresa.

"A Informação Policial 111/2019 registra que foi apreendida uma agenda com anotações manuscritas na residência de LEIDIMAR LOPES, cujo conteúdo indica a existência de patrimônio em moedas virtuais e imóveis (loteamento), no montante de 5 bilhões e 800 milhões de reais. Conforme pontuado na Informação, tais valores encontram correspondência em diálogos captados durante o monitoramento telefônico, nos quais LEIDIMAR afirmou possuir tal quantia em criptomoedas", revela a investigação.

A Polícia Federal revelou ainda que quando Leidimar foi preso, ele teria revelado chaves de acesso a carteiras de Bitcoin, que resultaram nas apreensões citadas, contudo teria ocultado outras carteiras que guardariam os maiores valores já que, com Leidimar foram apreendidos 'apenas' R$ 50 milhões de reais, menos de 1% do que teria 'ocultado' o empresário segundo as escutas telefônicas e as anotações.

Contudo, apesar de todos estes fatos que estão públicos e podem ser consultados em qualquer acesso a portal de notícias ou mesmo com um simples consulta ao Google a Justiça do Amazonas entendeu que não há intenção da Unick em não pagar seus clientes, pelo contrário, pelo simples fato da empresa ter publicado uma nota, no ano passado, muito tempo antes da realização da Operação Lamanai, de que pagaria seus clientes, já mostra a 'boa' intenção da empresa.

Revoltados com a decisão clientes usaram as redes sociais para mostrar sua insatisfação, "Isso é um absurdo, como a Justiça pode declarar isso com tudo que está sendo investigado, apontado, esclarecido e revelado. O Juiz não precisa conceder a tutela de urgência, pode indeferir, mas dizer que vai indeferir porque a empresa tem intenção de pagar, é o fim. Não dá para acreditar que a justiça é realmente séria nesse país, disse um investidor da Bahia.

Como noticiou o Cointelegraph, recentemente, depois de quase 4 meses que a Polícia Federal realizou a Operação Lamanai a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) rejeitou um acordo proposto pela Unick para 'regularizar' suas atividades. Segundo a CVM a principal causa da recusa da autarquia foi justamente não haver uma proposta para ressarcir os clientes da empresa..

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