Controlador de uma das maiores exchanges de criptomoedas do Brasil, o grupo 2TM, anunciou nesta quinta-feira a demissão de 100 funcionários como parte de uma estratégia de reposicionamento de sua área de negócios para se ajustar à nova realidade de um mercado que enfrenta um forte ciclo de baixa. O corte anunciado atinge todas as áreas e posições de back office, como suporte e atendimento.

A nota distribuída à imprensa citou os "desafios impostos pela economia global, que vêm afetando os segmentos de inovação em todo o mundo", para em seguida declarar que "foi preciso reduzir aproximadamente 15% do nosso quadro de colaboradores" diante de um "ambiente competitivo deterioirado e desleal, sem a aprovação do marco legal dos criptoativos."

O Grupo 2TM afirmou que demora na votação do Projeto de Lei 4401/2021 na Câmara dos Deputados, após aprovação no Senado, penaliza as exchanges que cumprem às leis, tornando desleal a competição com "empresas que ignoram as regras locais."

O CEO do MB, Reinaldo Rabelo, recorrentemente tem se posicionado de forma crítica à atuação de algumas exchanges estrangeiras no país, inclusive com menções diretas às líderes do mercado global Binance, FTX e Coinbase.

O último relatório divulgado pelo CoinTrader Monitor sobre o mercado brasileiro de compra e venda de Bitcoin (BTC) posiciona o MB atrás de Binance, BitPreço, NovaDax, BitcoinToYou e FTX.

Reestruturação

Em junho deste ano, o 2TM já havia demitido 90 profissionais sob a justificativa da "mudança do panorama financeiro global, alta de juros e da inflação", que impactou de forma brutal o mercado de criptomoedas. Desde novembro de 2021, a capitalização total do mercado de ativos digitais caiu mais de US$ 2 trilhões.

Em entrevista ao Valor Econômico em que comenta as demissões, o CEO do 2TM, Roberto Dagnoni, afirmou que o ajuste feito em junho não foi suficiente, já que desde então o mercado cripto não deu sinais de recuperação:

"Não sabemos quanto tempo vai durar esse inverno cripto. É um momento triste, muito diferente do que aconteceu no ano passado, quando estávamos crescendo e contratando."

Com a crise da indústria, o 2TM deve priorizar segmentos anticíclicos da indústria de criptoativos, como gestão de recursos, infraestrutura de serviços e tokenização de ativos.

Embora tenha feito críticas à morosidade da regulação de criptoativos, Dagnoni disse que a entrada de novos players no mercado local, desde que em conformidade com a legislação, contribui para o amadurecimento do mercado:

"O Nubank falando para 60 milhões de pessoas sobre bitcoin e o ether é educação da base e está endereçando o mercado como um todo."

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, as plataformas do Nubank, da XP Investimentos e do BTG Pactual oferecem uma boa porta de entrada no mercado de criptomoedas para investidores iniciantes.

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