A especialista em Web3, Adriana Moura, co-fundadora da Go Digital Factor, em um artigo encaminhado para o Cointelegraph, identifica uma lacuna significativa na capacitação em tecnologias emergentes no Brasil. Apesar da crescente presença do Metaverso e dos NFTs na mídia, muitos brasileiros ainda veem esses conceitos como distantes e limitados ao mundo das startups.

Moura argumenta que a falta de formação adequada para entender a nova geração de tecnologias, particularmente o mindset da Web3, é um obstáculo significativo. Ela sugere que é essencial desenvolver uma cultura que permita a identificação de problemas e, em seguida, a aplicação das tecnologias adequadas para resolvê-los.

A própria Web3, explica Moura, surgiu como uma resposta aos desafios da Web2, abordando questões como comunidades, propriedade, soberania de identidade e descentralização.

"A questão da capacitação no Brasil é parte de um problema mais amplo, que inclui a escassez de desenvolvedores e a relutância em abraçar tecnologias além de setores específicos. Os cursos existentes que cobrem a Web3 enfrentam o desafio de manter-se atualizados, à medida que as tecnologias continuam a se expandir e a Web3 segue se desenvolvendo", afirma.

Os Estados Unidos são citados por Moura como um bom exemplo de capacitação tecnológica e inovação por meio das ferramentas Web3. No entanto, ela destaca que o Brasil também tem avanços significativos em termos de tecnologia e regulação, como a iniciativa pioneira do Banco Central brasileiro.

"Por isso que quando falamos sobre capacitação tecnológica e, em especial, inovação a partir de ferramentas Web3, os Estados Unidos continuam sendo uma boa referência. O que não significa que o Brasil não seja um dos países mais avançados com suas bases tecnológicas e pautas sobre regulação e sandboxes como, por exemplo, o pioneirismo do nosso Banco Central nestas pautas", disse.

Web3

Moura ressalta que a revolução do mindset da Web3 impacta a forma como vivemos e trabalhamos, e sugere que os cursos universitários em geral deverão se adaptar para incorporar conceitos de descentralização. Ela vê a universidade como um lugar propício para o debate saudável sobre a construção da Web3.

A especialista também afirma que os movimentos independentes de comunidades dedicadas a expandir o conhecimento da Web3 são importantes, como a Bankless, uma DAO dedicada à discussão das finanças descentralizadas. 

Segundo ela, o Brasil não está tão atrás, com várias comunidades se dedicando a capacitar pessoas por meio de talks no Discord, encontros no Twitter Spaces e eventos. Ela prevê que cada vez mais universidades e outras instituições de ensino promoverão esses encontros para atualizar seus alunos e testar a temática em suas ementas acadêmicas.

" A tendência no curto prazo é que cada vez mais universidades e demais instituições de ensino promovam esses encontros, tanto para atualizar seus alunos, quanto para testar a temática em suas ementas acadêmicas." aponta.

Moura ressalta que grandes empresas estão impulsionando experiências com a Web3 e criando novos produtos. Elas buscam profissionais com conhecimento em determinados campos da Web3 para gerar capacitação interna. A própria comunidade da Web3, diz ela, está se esforçando para atrair mais pessoas para esse universo.

"Além de estarmos conscientes de que as tecnologias avançam mais rápido do que nossa capacidade de absorvê-las e aplicá-las. É nesse momento que surge a responsabilidade para promovermos capacitação e tornar o acesso à internet e às informações um bem para todos", finaliza.

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