Não é só o Bitcoin (BTC) que vem alegrando a vida dos investidores com alta em seu valor e retorno financeiro aos que acreditaram em seu potencial.
No Brasil, nesta semana, os títulos públicos de renda fixa voltaram a operar com alta expressiva. O mercado reage desconfiado em relação ao Auxílio Brasil, programa de transferência de renda do governo.
A preocupação é se o governo conseguirá cumprir o teto de gastos. Nesta quarta (20), o ministro da Cidadania João Roma afirmou que o pagamento do benefício começará em novembro e que as famílias não deverão receber menos do que R$ 400.
Além disso, analistas brasileiros vem apontam que o Copon devem votar por um novo aumento na taxa Selic que, por sua vez, reflete na rentabilidade dos ativos de renda fixa.
Para se ter uma idéia dessa alta, às 17h de quarta, o juro pago no prefixado com vencimento em 2024 pagava 10,84%, um dos valores mais altos desde que o título começou a ser negociado em fevereiro de 2021.
"O mercado está com medo de o teto de gastos não ser cumprido e, por consequência, o país aumentar o déficit público". Segundo ele, "o medo político tem influenciado com peso na curva de juros", aponta Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.
Já para João Beck, economista e sócio da BRA Investimentos, o comentário realizado por Arthur Lira (PP-AL) no início da semana preocupou ainda mais. Em sua fala, Lira disse que, diante dos impactos sociais provocados no Brasil pela pandemia, não se pode priorizar a responsabilidade fiscal e o respeito ao teto de gastos em detrimento das necessidade da população.
"Governo sinalizou uma nova tentativa de rompimento do teto de gastos. O principal destaque foi em relação aos contratos de juros futuros negociados na B3 que subiram. Com o rompimento do teto, maior será o juro necessário para segurar o investimento dentro do país. A nossa moeda é a que mais se desvalorizou entre todos países emergentes", diz Beck.
Renda Fixa
Segundo Beck, o mercado em geral estava com uma expectativa de acomodação da trajetória altista da taxa de juros.
"Outros problemas entraram na esteira de serem resolvidos como o caso dos precatórios. As chuvas recentes diminuíram o nosso risco hidrológico. Novas altas de expectativas se ocorressem teriam de vir do campo político que é bem mais imprevisível. E foi o que aconteceu", afirma.
Já Jansen destaca que a curva de juros indica que as taxas devem sim continuar subindo, o que beneficia investidores de renda fixa.
"Os títulos IPCA+ e prefixados, além de debêntures, os CRIS e CRAS são ótimas opções para ficar de olho".
De acordo com Beck, os títulos atrelados à inflação são boas opções desde que o investidor tenha a pretensão de carregar o título até o vencimento.
"Basta que o investidor escolha o título que entenda que não será preciso se desfazer no meio do caminho para alguma necessidade de curto prazo", comenta.
Beck também recomenda cuidados para os investidores de renda variável.
"Situações de aceleração em taxas de juros são prejudiciais para ações de forma geral, principalmente as empresas muito ligadas a atividade da economia real. Alguns exemplos são o setor de consumo, varejo, imobiliário e de veículos que são os setores mais impactados por taxa de juros"
Selic
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne na terça-feira (26) para decidir sobre a Selic. De acordo com o Paraná Banco Investimentos, a taxa deve subir 1,0 p.p., chegando a 7,25% ao ano.
Para o diretor de Investimentos do Paraná Banco, André Malucelli, o Banco Central continuará com ajustes rápidos na Selic.
"Faz parte da sua iniciativa para controlar as expectativas inflacionárias. Diante desse cenário, há espaço para mais elevações da Selic ao longo do ano. Dessa forma, devemos fechar 2021 com a Selic em 8,25% e, no final do próximo ano, projetamos 9,25%."
Sobre investimentos, Malucelli afirma que renda fixa em pós-fixado é a melhor opção. "Seguimos sugerindo os papéis indexados a % CDI, ao menos até o final deste ciclo de alta da Selic, visando proteger os investidores".
Em relação ao câmbio, Malucelli acredita que o dólar oscilará entre R﹩ 5,35 e R﹩ 5,60 até o fim do ano.
"A moeda estará muito volátil, devido aos diversos fatores políticos e econômicos."
Já para a inflação, Malucelli estima um IPCA de 9,0% para 2021 e 5,0% para 2022. "Em 2021, a inflação será de 9,0%, basicamente por todo o cenário que temos visto, como a crise energética e hídrica. Já para 2022, será um rescaldo desses reajustes de 2021."
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