Com três décadas de experiência em transformação digital e atuando com mais de 150 empresas em 12 países, a BRQ está em busca de startups brasileiras focadas em inteligência artificial (IA) e soluções para o Drex – a moeda digital de banco central (CBDC) brasileira –, revelou William Nakasone, vice-presidente de inovação aberta da empresa, em entrevista ao portal Startups.com.br.
A BRQ é uma empresa de inovação aberta cujo braço de empreendedorismo e capital de risco investe na aceleração de startups e novos modelos de negócios nos setores agropecuário, financeiro e de seguros.
Com R$ 20 milhões já aportados desde o início das operações de seu hub de inovação em 2016, e R$ 10 milhões disponíveis, a empresa agora busca diversificar seu portfólio, com foco em dois setores estratégicos e emergentes.
O plano estabelece aportes de até R$ 2 milhões em startups B2B que desenvolvam negócios baseados no modelo de Software as a Service (SaaS) e apresentem alto potencial de escalabilidade.
Utilizando um modelo híbrido, a empresa tanto utiliza seus próprios talentos para o desenvolvimento de novos negócios quanto investe em startups alinhadas à sua cultura empresarial.
“Passamos a investir em startups entre o final de 2016 e o início de 2017 como uma forma de apoiar iniciativas alinhadas ao nosso foco em transformação digital, além de acelerar as entregas para nossos clientes”, diz William.
Um dos primeiros projetos desenvolvidos no hub de inovação da BRQ foi uma exchange de criptomoedas. Embora o projeto tenha sido descontinuado, o ecossistema de ativos digitais sempre esteve no radar da companhia.
Drex e IA em foco
Agora, com o amadurecimento do mercado, a consolidação do Bitcoin (BTC) como um ativo integrado ao sistema financeiro e os avanços regulatórios no Brasil, a empresa voltou a enxergar oportunidades nesse mercado. Em especial no que diz respeito ao Drex, projeto de CBDC desenvolvido pelo Banco Central em colaboração com a iniciativa privada que se encontra na segunda fase de testes.
“Buscamos startups que se conectem de alguma forma com o ecossistema do Drex, seja na parte de codificação ou em aplicações que rodem sobre essa infraestrutura”, explica Matheus Berger, head de Corporate Venture Capital da BRQ.
Em paralelo, a BRQ pretende criar ferramentas proprietárias de IA generativa para fortalecer seu ecossistema interno, revela William:
“Uma das nossas prioridades é não apenas oferecer aos clientes tecnologias emergentes e disruptivas, que eles já utilizam, mas também integrar soluções proprietárias da BRQ, especialmente no campo da inteligência artificial generativa, onde já contamos com uma série de ferramentas próprias.”
O executivo cita dois casos de sucesso decorrentes da estratégia híbrida de investimento da BRQ. A Inspectos, por exemplo, é fruto do desdobramento de um projeto desenvolvido internamente para a Bradesco Seguros.
Testada e validada pelo mercado, a plataforma inteligente de inspeção de produtos, que otimiza todo o processo de vistorias de forma prática e intuitiva, ganhou vida própria e se tornou a maior startup do ecossistema da BRQ.
Já o investimento na Payface, uma startup de pagamentos por reconhecimento facial que agiliza e simplifica o processo de checkout, foi uma aposta da empresa. Ao vislumbrar o potencial do produto da Payface, a BRQ participou da rodada de financiamento semente da startup, completa Matheus:
“Ajudamos a validar o produto lá atrás e, agora, temos uma parceria forte. Utilizamos a solução da Payface com nossos clientes e servimos como canal de distribuição para a fintech.”
Entre 2023 e 2024, a Payface levantou R$ 45 milhões em uma rodada de Série A, validando o investimento inicial estratégico da BRQ.
“Nosso objetivo é aproveitar a expertise das startups do portfólio para acelerar projetos e gerar valor conjunto", conclui Matheus, citando o caso da Payface.
A Payface é mais um exemplo de que o Brasil está consolidado como um dos líderes em inovações em pagamentos digitais, conforme atestou Leonardo Linares, vice-presidente sênior de Soluções de Produtos e Serviços da Mastercard, em entrevista exclusiva ao Cointelegraph Brasil.