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Endividado após calote de criptomoeda, clube fica sem time para disputar Brasileirão

Campeonato nacional feminino começa no fim de agosto, mas time amazonense ainda não tem equipe e alega "golpe" de criptomoeda

Endividado após calote de criptomoeda, clube fica sem time para disputar Brasileirão
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O Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino está marcado para começar na próxima semana, mas um dos destaques do futebol feminino do Brasil, o Esporte Clube Iranduba, ainda sofre com as consequências de um calote da empresa britânica VeganNation.

A VeganNation seria uma criptomoeda "vegana" com sede no Reino Unido. A empresa fechou o patrocínio em 2018, mas nunca cumpriu o acordo. O diretor do clube, Lauro Tentartini, explicou à Agência Brasil:

"Em dezembro de 2018, com a equipe no auge, tendo sido terceira colocada na Copa Libertadores, fui procurado pelo pessoal da empresa. Na época, eles me falaram que fariam o lançamento de uma moeda virtual, a ‘VeganCoin’. A ideia era fazer uma campanha de marketing sobre a importância da preservação da Amazônia. Eles estavam fechando também contratos com o Remo, Paysandu, Nacional. E que o Iranduba era o ‘escolhido’ no futebol feminino. O pagamento do acordo seria através dessa moeda virtual"

Ele diz que a empresa prometeu a moeda virtual que serviria para pagar o patrocínio para maio de 2019, mas prorrogou e expirou todos os prazos, além de não pagar a indenização prevista em contrato.

Na matéria da EBC, o diretor-executivo da empresa, Isaac Thomas, lava as mãos para o problema ao dizer que "todo mundo está sofrendo" com a pandemia: "a empresa se esforçou para cumprir todas as obrigações do contrato e que não deve mais nada ao clube".

Com a previsão do patrocínio, o Iranduba havia investido para montar uma equipe forte, mas sem o pagamento não teve como manter destaques como Andressinha, da seleção brasileira, e a colombiana Yoreli Rincon, campeã da Libertadores.

Sem dinheiro, a equipe amazonense apelou para a Confederação Brasileira de Futebol, à Federação Amazonense de Futebol, a outros clubes do Brasil e promoveu até um crowdfunding online para não fechar as portas.

Octacampeão amazonense entre 2011 e 2018 e terceiro colocado da Libertadores em 2019, o clube também sofreu com as severas consequências econômicas da pandemia de coronavírus, que teve no Amazonas um cenário de caos no começo da crise.

Hoje, o Iranduba processa a Vegan Nation e corre contra o tempo para jogar o Brasileirão. O diretor Tentardini disse ao Futebol na Veia:

“Sabemos que vamos travar uma longa batalha judicial, mas foi a única forma que encontrarmos. Estamos tentando algumas reuniões pra fazer o clube se manter vivo no restante de temporada. Até conseguimos marcar algumas, mas não é no prazo que queremos, é quando as empresas podem nos atender, e o campeonato está muito em cima”

A estreia do time está marcada para 30 de agosto contra o Vitória. A CBF liberou R$ 120.000 para o clube, que quitou dívidas com a comissão técnica. O diretor diz que vai colocar a equipe em campo:

"Vou ser bem sincero, eu tenho cinco, seis atletas no BID hoje. Eu garanto que o Iranduba vai colocar um time em campo, mas não sei dizer qual. Teria que contratar atletas, procurar no futebol amador, no futsal. Estou buscando soluções e vendo como vamos participar do campeonato. É uma situação bastante preocupante, que tira o sono da gente”,

Ele completa dizendo que houve quem culpasse a gestão do clube pela situação atual. Ele reconhece que contraiu dívidas e vai pagá-las, e sentencia: "Nós levamos um golpe".

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