Impulsionada pelo crescimento global do mercado de ativos digitais nos primeiros meses deste ano, a importação de criptomoedas registrou um crescimento anualizado de 110% no primeiro bimestre no Brasil, totalizando US$ 2,9 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central na sexta-feira, 5 de abril. No mesmo período do ano passado, a importação de ativos digitais somara US$ 1,4 bilhão.

Embora o relatório não discrimine as importações por diferentes criptoativos, o Bitcoin (BTC) responde pela maior parte do valor contabilizado, segundo Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do Banco Central.

Por sua vez, a exportação de criptomoedas somou apenas US$ 146 milhões nos dois primeiros meses deste ano. O baixo número explica-se pela pequena quantidade de criptomoedas produzidas no país, já que a mineração de Bitcoin não se configura como uma atividade pouco lucrativa devido aos altos custos de energia e de importação de equipamentos especializados.

A metodologia adotada pelo BC em 2019 a partir de uma recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI) classifica as criptomoedas como bens de consumo – e não como ativos financeiros. Como as importações superam em muito as importações, há um impacto substantivo sobre o saldo da balança comercial brasileira. 

Moedas digitais de banco central (CBDCs) e stablecoins atreladas a moedas fiduciárias ou commodities não se enquadram na categorização do BC para criptomoedas Portanto, não têm qualquer impacto sobre o saldo comercial do país.

As regras do Banco Central para cálculo das importações consideram o fluxo de criptomoedas transacionadas entre um não residente no país (vendedor) para um residente (comprador). O valor das transações é calculado pela instituição através de contratos de câmbio.

Ainda segundo os dados divulgados pelo BC, a importação de criptomoedas está em curva ascendente no Brasil. No ano passado, US$ 12,3 bilhões foram investidos nesta categoria de bens, contra US$ 7,5 bilhões em 2022, o que representou um crescimento de 64%. 

Caso as importações de criptomoedas se mantenham estáveis ao longo deste ano, mantendo um patamar semelhante ao registrado em janeiro e fevereiro, projeta-se que o montante total possa chegar a US$ 17,4 bilhões ao fim de 2024, pressionando a balança comercial.

Um estudo publicado pelo Banco Central em novembro do ano passado revelou que, entre 2020 e 2022, 99,7% das importações de criptomoedas no Brasil foram efetuadas por empresas financeiras ou não financeiras. Majoritariamente, exchanges que viabilizam a compra e venda de criptomoedas no país para investidores do varejo. 

Pessoas físicas responderam por uma participação mínima de 0,3% no período compreendido pelo estudo, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião.