Tommaso Mancini-Griffoli, representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), acredita que uma parceria público-privada pode ser o melhor caminho a seguir para uma moeda digital do banco centra (CBDC).
Mancini-Griffoli, vice-presidente do Departamento de Mercados de Capitais do FMI, ingressou na mais recente live do Money Movement’s em 26 de maio.
Mancini-Griffo disse que a idéia de criar uma CBDC apoiada apenas pela reserva de um banco central e completamente sob o controle de um banco central está desatualizada.
Uma CBDC sintética, através de uma parceria público-privada, por outro lado, está ganhando popularidade no mundo das moedas digitais e capacitará setores privados, como as stablecoins apoiadas em blockchain, a continuar inovando.
Ele sugeriu que o setor privado se concentra em inovação, design de interface e gerenciamento de clientes. O setor público permanece focado na regulamentação e na sustentação da confiança. Isso incentivará a inovação a continuar, mas dentro de uma estrutura regulamentada para a estabilidade financeira.
A regulamentação desempenha um papel fundamental
Segundo Mancini-Griffoa, diferentemente da idéia original da CBDC, que exige que os bancos centrais emitam um passivo diretamente ao público, uma CBDC sintética permite que o setor privado emita um passivo usado pelas pessoas para comprar ativos para pagamento.
O passivo seria totalmente lastreado pelas reservas do banco central. Os bancos centrais também emitem licenças para o passivo, o que ajudaria a regular e supervisionar empresas e instituições.
Um ambiente regulamentado pode oferecer condições iguais para todos os inovadores do setor privado de stablecoin continuarem crescendo. Ele acredita que isso também poderia atenuar os possíveis riscos de estabilidade financeira que eles representam. Ele explicou que:
“Existem várias stablecoins diferentes disponíveis. É difícil para os consumidores saber quais são totalmente apoiados e quais realmente oferecem uma reivindicação sobre as reservas subjacentes e quão líquidas e seguras são essas reservas e se são líquidas e seguras o suficiente em todos os estados do mundo."
Migrando riscos e incentivando a inovação
A parceria público-privada para uma CBDC também incentivaria a concorrência entre os provedores de moeda digital e preservaria vantagens comparativas, diz Mancini-Griffoa.
Grande parte dos custos e riscos para o setor público, como opções de tecnologia, gerenciamento de clientes, triagem e monitoramento de clientes, incluindo KYC (Conheça seu cliente), AML (combate à lavagem de dinheiro) e conformidade regulatória. O gerenciamento de dados seria transferido para o setor privado.
Desafios das parcerias público-privadas
A CBDC sintética está ganhando força, mas ainda existem desafios. Mancini-Griffoa destacou que a melhor maneira de criar uma parceria público-privada é um debate em andamento, assim como decidir quem deve ter a capacidade de emitir os tokens mencionados acima. Ele acrescentou que:
“A questão é onde você desenha a linha do que o setor público faz e o que o setor privado faz. A questão fundamental é sobre emissão. O setor público emite e o privado distribui ou também permitimos que o setor privado emita?”
A colaboração entre stablecoin e bancos parece promissora
Mancini-Griffoa enfatiza que a intenção não é "balançar o barco" do mundo bancário. Ele afirma:
"O setor bancário é essencialmente financiado pelo atacado, e não haveria uma enorme movimentação de depósitos dos bancos para um novo sistema de pagamentos".
No entanto, os bancos inovadores adotarão muitas das novas tecnologias, como as stablecoins apoiadas em blockchain. Essas stablecoins são irreversíveis, seguras, rápidas e capazes de processar transações com alcance global para liquidação de pagamentos finais. Provavelmente haverá parcerias entre serviços bancários e de pagamento, de acordo com Mancini-Griffoa.
Como o Cointelegraph relatou anteriormente, o Banco da China parece acreditar que o yuan digital poderá eventualmente substituir o dinheiro. Especialistas em stablecoin apontaram que privacidade, custódia e estabilidade financeira seriam os três elementos mais desafiadores que uma CBDC enfrentaria.
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