Resumo da notícia

  • Hyperliquid e Aster levam as DEXs a volumes bilionários, rivalizando com Binance e Coinbase.

  • CEXs ainda lideram em liquidez, regulação e entrada de investidores institucionais.

  • Especialistas apontam que modelos híbridos podem definir o futuro da negociação de criptomoedas.

O mercado de criptomoedas, que parecia ‘calmo’ com a divisão entre exchanges centralizadas e descentralizadas até que o lançamento da Hyperliquid mudou tudo. Assim, de um lado, projetos como Hyperliquid e Aster desafiam a hegemonia de gigantes como Binance e Coinbase, ao oferecer modelos de negociação mais transparentes, com foco em privacidade e autonomia.

Do outro, as CEXs continuam liderando em pontos fundamentais como liquidez, suporte institucional e compliance regulatório. A questão que surge é simples: quem sairá vencedor dessa batalha que molda o futuro da negociação global de ativos digitais?

O lançamento da Hyperliquid (HYPE) marcou um divisor de águas em 2025. O projeto conseguiu unir características de exchanges centralizadas, como escalabilidade e usabilidade, com atributos típicos das descentralizadas, como custódia própria e maior transparência. O modelo híbrido impulsionou a plataforma a liderar o mercado de perp DEXs durante grande parte do ano.

No entanto, em setembro, a Aster surgiu como concorrente direta, apoiada por Changpeng Zhao (CZ), fundador da Binance. A plataforma rapidamente alcançou US$ 100 bilhões em volume negociado em sete dias, superando inclusive a Hyperliquid em determinados períodos, segundo dados da DeFiLlama. Esse avanço demonstrou que o mercado descentralizado amadureceu e já consegue competir em volume com exchanges tradicionais.

A força das CEXs: liquidez e regulamentação

Apesar do avanço das perp DEXs, especialistas reforçam que as exchanges centralizadas continuam essenciais para o crescimento do setor. Frank Combay, COO da NGPES, explica que tokens de CEX tiveram valorização em agosto graças ao interesse renovado de investidores institucionais e ao aumento da clareza regulatória. Para ele, a liquidez, os spreads mais estreitos e a facilidade de conversão entre fiat e cripto continuam como grandes vantagens dessas plataformas.

Já Farzam Ehsani, CEO da VALR, reforça que o futuro das exchanges não se baseia em substituir modelos, mas em reconhecer que CEXs e DEXs cumprem papéis complementares. Ele afirma que CEXs oferecem usabilidade e confiança para iniciantes e instituições, enquanto DEXs atraem usuários que priorizam privacidade e exposição a tokens emergentes.

Para muitos analistas, o futuro deve seguir um modelo híbrido, que combina as qualidades das duas abordagens. Lionel Iruk, da Nav Markets, defende que tais plataformas podem unir a liquidez das centralizadas com a transparência das descentralizadas, criando soluções mais completas. Ele alerta, no entanto, que o crescimento dos tokens de exchanges como OKX, Cronos e KuCoin precisa ser visto com cautela, já que movimentos de curto prazo não garantem sustentabilidade.

Segundo Iruk, tanto CEXs quanto DEXs enfrentam riscos relevantes: brechas de segurança, pressão regulatória, baixa liquidez em alguns pares e vulnerabilidades em contratos inteligentes. Para ele, somente a combinação entre governança robusta e autonomia do usuário pode oferecer a resiliência necessária para o mercado de longo prazo.

A batalha pelo futuro da liquidez

Os números confirmam a tendência de avanço das perp DEXs. Entre 2023 e 2025, a participação dessas plataformas no volume de negociações spot passou de menos de 10% para até 60% em picos recentes, estabilizando-se depois na faixa de 30% a 35%. Mesmo após correções, a fatia segue muito acima dos níveis históricos, mostrando que o crescimento das descentralizadas não é apenas passageiro, mas um ajuste estrutural no comportamento do mercado.

Por outro lado, CEXs como Binance e Coinbase continuam indispensáveis para investidores institucionais. Elas garantem segurança, conformidade regulatória e infraestrutura para movimentar grandes volumes, pontos críticos para fundos, bancos e empresas listadas em bolsa que começam a entrar no mercado de criptoativos.

Já o especialista da xyzverse.io acredita que não haverá um vencedor absoluto. Ele argumenta que DEXs oferecem privacidade, transparência e acesso a tokens emergentes, fatores que atraem traders mais experientes. Já as CEXs seguem imbatíveis em liquidez, suporte ao usuário e integração com o sistema financeiro tradicional, o que as torna o primeiro ponto de entrada para novos investidores.