No ponto de vista macro, todas as grandes economias do mundo estão passando por algum processo inflacionário e recessivo, os EUA à China, apesar de nenhum dos dois governos e seus banco centrais confirmarem com números oficiais que há uma recessão em curso.

Tanto Federal Reserve (Fed) quanto o Banco Central chinês foram inconclusivos quanto à real inflação e ao PIB, no caso chinês, e no caso americano, Jerome Powell e Janet Yellen não estão adotando o termo ‘recessão’ nos seus informes oficiais.

O fato que há efeito inflacionário sobre todas as economias, e a brasileira não ficou imune. O grande problema do Brasil em particular é com as contas públicas, o famoso déficit fiscal, que se encontram em crescimento e denotam algum descontrole fiscal. Mas como isso pode afetar os investimentos e a vida do brasileiro diretamente?

O sinal está amarelo para as contas públicas do país, que englobam, entre outros dados, a dívida, as despesas e as receitas do governo brasileiro.

A afirmação pode soar estranha se analisado apenas o saldo dos primeiros sete meses do ano. Entre janeiro e julho, o governo federal arrecadou R$ 1,29 trilhão em impostos. No mesmo período do ano passado, a arrecadação havia sido de R$ 1,05 trilhão — uma diferença de R$ 239 bilhões.

A despeito das incertezas, o país logrou uma redução significativa da dívida no ano passado, graças a um bom resultado primário, taxas de juros em mínimas históricas e um crescimento robusto da atividade econômica.

Esse resultado pode se repetir neste ano. A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) caiu de 80,3% em 2021 para 79,9% em 2022, uma queda de 0,4 pp, de acordo com o último Boletim Focus, do Bacen. Quando comparadas as projeções realizadas no início deste ano, a variação é ainda mais significativa: queda de 3,9 pp. em 2022 e de 4,0 pp. em 2023.

Do lado da elevação da dívida pública, o principal fator é a elevação da taxa de juros nominal. A previsão é de que o país feche o ano com uma dívida líquida de 59% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Boletim Focus. Para 2026, a projeção é de 68,9% do PIB.

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Fonte: XP Investimentos

Títulos públicos influenciando os investimentos em Bitcoin

A economia nacional é muito correlacionada à economia americana, e as últimas quedas de cotação do Bitcoin foram resultado direto disso. A recente queda abaixo do nível de US$ 20.000 foi causada pelo discurso do presidente do Fed Reserve, Jerome Powell, onde ele disse que o banco central dos EUA manterá sua posição de hawkish por mais tempo do que o esperado anteriormente. Imediatamente após sua fala os mercados reagiram com quedas e o Bitcoin reagiu junto.

Segundo Sam Bankman-Fried, CEO da FTX, a crise atual não é uma questão de longo prazo. Para Bankman-Fried, o mercado de criptomoedas começará a voltar a subir, quando o mercado de ações seguir voltar a ser uma opção interessante para os investidores que estão rumando para os títulos públicos, afirmou o CEO. 

Esse efeito de refúgio dos títulos públicos também vem se mostrando presente na economia nacional, com os títulos públicos federais, apresentando recorde de investimento, em detrimento da bolsa de valores.

Gráfico, HistogramaDescrição gerada automaticamente

Fonte: Tradingview

Como se vê no gráfico acima, o Bitcoin vem perdendo performance frente ao título do Tesouro com vencimento em 10 anos. O título do Tesouro apresentou valorização 4.96% nos últimos 6 meses, enquanto o Bitcoin no mesmo período apresentou desvalorização de 49.7%. Portanto, não servindo exatamente como refúgio à inflação, conforme pregado por parte dos maximalistas.

Atualmente, o Bitcoin caiu 70,81% em relação à alta histórica alcançada em novembro do ano passado, quando atingiu US$ 68.789.

Contudo, é importante frisar que ele se mostrou mais resiliente que se esperava desde a última fala de Jerome Powell, e não performando tão mal, como em outras ocasiões da fala do presidente do banco central americano. Considerando que ele caiu cerca de 6% depois que Jerome Powell declarou em 26 de agosto que o Fed manteria uma postura ainda agressiva em relação ao combate à inflação americana.

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