Resumo da notícia
Binance avança com integração entre Pix, cartão cripto e Binance Pay.
Tokenização de ativos será foco da próxima fase no Brasil.
Guilherme Nazar defende regulação equilibrada e expansão da adoção cripto.
Em entrevista ao canal Bitnada, de Felipe Escudero, fazendo uma prévia do que será abordado no Blockchain Conference Brasil, Guilherme Nazar, vice-presidente regional da Binance nas Américas, revelou os próximos movimentos da exchange no país. Com um discurso otimista e estratégico, o executivo destacou que o Brasil está no centro das operações da Binance na América Latina e será palco de inovações que podem redefinir o uso das criptos no dia a dia.
Segundo Nazar, o foco da empresa vai muito além da negociação de ativos digitais. A Binance quer se tornar uma “super plataforma”, oferecendo soluções que integrem o mundo cripto ao sistema financeiro tradicional. Ele explicou que a empresa está consolidando produtos que permitem ao usuário comprar, vender, armazenar e gastar criptomoedas com facilidade, sem depender de múltiplos intermediários.
Entre as principais novidades, estão a integração do Binance Pay com o Pix e o lançamento do cartão Binance. O executivo afirmou que o cartão, lançado oficialmente em outubro, representa um marco para a indústria, pois permite converter cripto em real de forma automática, facilitando o pagamento em qualquer estabelecimento.
Nazar explicou que o objetivo é tornar o uso de criptomoedas algo natural, algo tão simples quanto pagar com um cartão de crédito comum. Para ele, essa integração é o que faltava para consolidar a presença das criptos no cotidiano do consumidor.
“As pessoas sabem o que é um cartão de crédito, mesmo que não usem. Esse ‘plásticozinho’ ajuda a conectar o novo com o tradicional”, destacou.
Produtos acessíveis
O executivo também ressaltou que a Binance quer aproximar o público não técnico do universo cripto, reduzindo as barreiras de entrada e simplificando o processo de cadastro, custódia e transações. Para ele, a indústria ainda precisa educar o público e oferecer produtos acessíveis, sem jargões ou complexidade excessiva.
A visão da Binance é clara: construir uma infraestrutura que permita que qualquer pessoa use criptomoedas sem perceber que está usando uma tecnologia complexa. Nazar acredita que isso acontecerá à medida que os produtos se tornem mais intuitivos, com interfaces amigáveis e suporte local robusto.
Outro ponto abordado foi o avanço da tokenização e dos ativos digitais atrelados ao mundo real (RWAs). Segundo Nazar, a Binance acompanha de perto o movimento dos Estados Unidos, onde o Congresso aprovou leis que fortalecem o uso de stablecoins e a tokenização de ativos. Ele destacou que essa tendência chegará com força ao Brasil.
“A tokenização será inevitável. Em alguns anos, todos os ativos do mundo estarão disponíveis em blockchain”, afirmou.
O executivo também comentou o papel das stablecoins, que representam 90% das transações de cripto no Brasil. Para ele, as moedas estáveis serão a principal ponte entre o sistema financeiro tradicional e o digital.
“As stablecoins vão se tornar o principal instrumento de pagamento e reserva de valor no curto prazo”, avaliou.
Regulamentação
Nazar acredita que a regulação brasileira pode acelerar esse processo. Segundo ele, o ambiente regulatório trará clareza, legitimidade e segurança para o setor. “A regulação é bem-vinda. Ela estabelece as regras do jogo e dá confiança aos investidores e usuários”, defendeu.
Apesar disso, ele fez um alerta: regras excessivas podem sufocar a inovação. Para Nazar, enquadrar stablecoins em normas antigas de câmbio seria um erro. “Colocar uma tecnologia nova sob leis ultrapassadas é como tentar dirigir um carro elétrico com regras de carruagem. Não faz sentido”, ironizou.
Além da regulação, Nazar destacou o impacto da mudança de postura dos Estados Unidos em relação ao mercado cripto. Segundo ele, o governo americano passou de uma posição hostil para uma abordagem pró-inovação. Com a aprovação do Genius Act e do Clarity Act, as empresas agora têm um ambiente mais previsível para operar.
Essa mudança, na visão do vice-presidente da Binance, influencia diretamente o Brasil, que tende a seguir os passos americanos em relação à regulamentação e à adoção de novas tecnologias financeiras. Ele acredita que o país está no caminho certo e que o mercado cripto brasileiro viverá um novo ciclo de expansão.
No encerramento da entrevista, Guilherme Nazar reforçou a mensagem de otimismo.
“O importante é continuar construindo, independente do humor do mercado. Estamos criando a infraestrutura do futuro”, afirmou. Para ele, 2024 e 2025 representam um ponto de virada. “São anos decisivos para o amadurecimento da indústria e para mostrar que cripto não é aposta, é tecnologia.”