A intervenção realizada pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, na Petrobrás, que culminou com a troca de Roberto Castello, presidente da companhia, pelo general Joaquim Silva e Lima, fez as ações da petrolífera brasileira derreterem e cairem mais de R$ 75 bilhões em um único dia.

Foi a segunda maior queda diária em valor de mercado da Petrobras desde o início do plano Real e, desde o anúncio de Bolsonaro, a estatal acumula mais de R$ 120 bilhões de queda em seu valor de mercado, porém especialistas apontam que a sangria pode ser ainda maior.

Especialistas do mercado financeiro apontam que a troca no comando da Petrobras repercutiu negativamente entre investidores e diversos analistas passaram a pedir a seus investidores que evitassem as ações da companhia brasileira.

"As declarações recentes do presidente acendem um enorme sinal amarelo – senão vermelho ao cenário político local", afirmou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, em comunicado a clientes.

Vender, manter ou comprar

A decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras repercutiu negativamente entre investidores, com vários analistas cortando a recomendação dos papéis.

A XP Investimentos cortou a recomendação para os papéis da Petrobras de "neutro" para "venda". Já para a equipe Mirae Asset, a decisão de Bolsonaro "tende a comprometer a venda de ativos da empresa, que vinham tendo uma performance positiva".

Quem também reduziu a recomendação dos papéis da empresa foi o BTG Pactual seguido por Bradesco e Credit Suisse que reduziu pela metade o preço-alvo para os papéis, de R$ 16 para R$ 8, citando "muitas incertezas".

Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, diz que não compraria ações da Petrobras neste momento.

"O estatuto da empresa diz que ela tem que repassar para o consumidor a variação de preços internacionais (do petróleo e do dólar). Se não fizer isso, quem tem que arcar é o governo por meio de algum subsídio, mas o governo não falou se vai fazer isso e como vai fazer", disse. "Existe muita incerteza até porque há uma restrição orçamentária muito grande, mas não está claro como o governo vai resolver essa equação", disse.

Bitcoin e intervenções do Governo

Enquanto investidores da Petrobras amargam uma queda inesperada acima de 20% os investidores de Bitcoin também sofrem com uma queda de 14% no preço do ativo que da faixa de US$ 55 mil voltou abaixo de US$ 45 mil.

No entanto, diferente da Petrobrás que sofreu uma intervenção governamental, o Bitcoin não é controlado por nenhum governo e, inclusive, esta sua característica tem chamado cada vez mais a atenção de investidores institucionais em busca de um 'porto seguro' para seus investimentos.

Porém a queda no preço do Bitcoin é atribuída por especialistas como sendo normal perto do ciclo de alta que o criptoativo vem apresentando desde novembro.

"Cada tendência de alta testemunha ataques periódicos de reservas de lucro, já que os operadores de curto prazo tendem a desfazer as posições com notícias adversas ou em níveis críticos de resistência técnica", aponta o analista do Cointelegraph, Rakesh Upadhyay.

Para ele, apesar da queda, dificilmente o Bitcoin será negociado abaixo de US$ 40 mil já que há bastante força compradora nesta marca.

Assim, ele aponta que esta correção deve ser consolidada na marca de US$ 41 mil e cimentar um novo impulso acima de US$ 61 mil que depois pode encontrar nova resistência somente em US$ 100 mil.

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