Os mineradores de Bitcoin ‘estão doidos’ e processar transações praticamente de graça. De acordo com Mononaut, desenvolvedor do explorador de blocos mempool.space, mais de 26% do poder computacional da rede está atualmente dedicado a minerar transações com taxas abaixo de 1 sat/vB, ou seja, menos de 0,00000001 BTC por byte virtual.
Isso quer dizer que se você quiser mandar menos de R$ 0,01 em Bitcoin, é possível. Como também é possível enviar mais de 50.000 BTCs pagando apenas R$ 0,006524797.
Esse dado reflete uma nova tendência entre os principais pools de mineração, como F2Pool, Mara Pool, SpiderPool, Luxor e Antpool, que estão incluindo em blocos transações com taxas ínfimas — ou até sem taxa alguma. Esses grupos controlam uma parcela significativa do hashrate global, com destaque para a Antpool, que sozinha representa 16% da força computacional total da rede.
over 26% of hashrate is now confirmed to be mining sub-1 sat/vb transactions https://t.co/xCUpBRtM4N pic.twitter.com/yaO2wIi9ce
— mononaut (@mononautical) July 15, 2025
A prática vai totalmente contra a lógica econômica tradicional da mineração, que sempre priorizou transações com taxas mais altas para maximizar lucros. Porém, os dados mais recentes mostram que vários blocos incluem transações que pagam menos de 1 satoshi por byte virtual.
Transações ‘de graça’ no Bitcoin
No bloco 905665, a Antpool minerou duas transações com taxa zero, ambas ligadas ao protocolo Runes. Já o F2Pool incluiu no bloco 905649 uma operação com taxa de 0,56 sat/vB, sem inscrições adicionais, enquanto a SpiderPool já havia processado uma transação com comissão zero e sem prioridade no bloco 904994.
No entanto, não se empolgue que as ‘transações grátis’ não são necessariamente abertas a qualquer usuário. Muitas delas estão vinculadas a acordos diretos entre os pools e projetos específicos, ou a transações internas criadas pelos próprios mineradores, usando o campo OP_RETURN, que permite inserir dados na blockchain sem custo.
A decisão desses pools de aceitar transações quase gratuitas sugere uma mudança estratégica. O Luxor, por exemplo, abandonou sua colaboração anterior com a Antpool para criar estruturas próprias de blocos com foco em transações de baixo custo.
Além disso, analistas como Mike Ermolaev, fundador da Outset PR, levantam dúvidas sobre os efeitos dessa nova normalização no longo prazo. Ao abrir espaço para transações com tarifas simbólicas, os mineradores podem estar explorando novos modelos de valor agregado, como armazenamento de dados, uso de tokens ou testes de soluções de segunda camada.
Portanto, de acordo com ele, além dessa não ser uma tendência dominante na rede, ele não é aberta para os usuários e não deve perdurar por muito tempo.
“Abrir mão dos Bitcoins recebidos com as taxas na rede não é viavel e deixa os mineradores sem lucro. Além disso, quando os pools adotam esta prática eles também prejudicam o lucro dos demais mineradores conectados ao pool que podem optar por direcionar seu poder computacional para pools mais rentáveis”, disse.