O ex-presidente do Banco Central do Brasil, Gustavo Franco, disse durante o evento Future of Money, promovido pela Exame, que as criptomoedas e CBDCs precisam aprimorar a governança e aceitar a regulação para ter uma adoção global.

Segundo Franco, os projetos de moedas digitais, em especial para as moedas nacionais, precisam de ajustes de governança. Ele descartou que o Bitcoin possa se tornar uma moeda global, dizendo que o anonimato da maior criptomoeda não permitirá que isso aconteça:

“Em vista do assunto de evasão tributária e lavagem de dinheiro, imaginar que teremos uma esfera monetária anônima de cash eletrônico…. esquece. É um sonho libertário infantil, adolescente, não vai rolar. E não devemos perder nosso tempo com isso.”

Apesar das críticas, o ex-presidente do BTC disse não ser contra o anonimato de transações, mas que alguma governança sempre será necessária:

 “Como princípio, acho legal. Quanto mais privacidade, melhor. Odiamos os regimes ditatoriais, os confiscos etc. Vamos trabalhar, então, na governança do sistema. Mas achar que ninguém vai ver, não. É bobagem”

Gustavo Franco também elogiou o sistema de transações instantâneas do Banco Central, o Pix, que entra no ar em novembro com transações a qualquer hora do dia ou da semana. Apesar de apoiar o sistema, ele defendeu que se o sistema fosse antecipado, seu impacto seria ainda mais relevante:

“A pandemia trouxe o assunto da bancarização para a frente da fila, e o PIX pode ajudar neste sentido. O PIX teria sido uma solução muito melhor para o saque do auxílio emergencial do que o lançamento da nova nota de 200 reais”

O lançamento do Pix e do Open Banking no Brasil é apontado por especialistas e representantes do Banco Central como o primeiro passo para o desenvolvimento de uma moeda digital nacional no país. A corrida por CBDCs tem ganhado tração global, especialmente com os testes da moeda digital chinesa, que seguem avançados no gigante asiático e prometem impactar duramente a hegemonia do dólar.

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