O polêmico advogado Frederick Wassef, que já representou o Presidente da República Jair Bolsonaro e também seu amigo pessoal Fabrício Queiroz, está ligado à cibersegurança do Superior Tribunal de Justiça, segundo informações do jornalista Diego Escoteguy.

Wassef, que ficou nacionalmente famoso por "abrigar" Queiroz em uma casa em Ubatuba até a prisão do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, foi casado com Cristina Boner Leo, que é proprietária da Globalweb Outsourcing, responsável pela segurança do STJ.

Wassef era chamado por Queiroz de "Anjo" e supostamente "escondeu" o ex-assessor - ligado às milícias do Rio de Janeiro e acusado no esquema da rachadinha da Assembléia Legislativa do estado - em Atibaia até o ano passado. Durante o período em que ficou "sumido", Queiroz - que não era formalmente denunciado - ficou famoso no país por ninguém saber de seu paradeiro.

Nesta semana, uma série de entidades federais e estaduais sofreram com ataques de hackers no Brasil, entre elas o STJ, mas também o Ministério da Saúde e o Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo. O presidente Jair Bolsonaro alegou na noite da última quinta-feira que as autoridades haviam identificado os responsáveis pelos ataques.

Hackers dão entrevista

Os hackers conhecidos como CyberTeam, que alegaram autoria dos ataques desta semana, deram uma entrevista nesta sexta-feira para o portal LiveCoins, explicando as ações.

Os ataques teriam sido realizados em "parceria" com outros grupos de hackers como TheMx0nday e Galera do NDA e alegaram que estão ligados a "protestos" relacionados ao sistema judiciário e ao caso Mariana Ferrer, que foi humilhada em uma audiência nesta semana em um caso em que ela acusa o filho de um poderoso empresário de Santa Catarina de estupro. Um hacker identificado como Zambrius diz:

“Nós realizamos esses atos em protesto pelo estupro culposo e pelo sistema em si da justiça, não é só no Brasil que o sistema funciona desse jeito, é em todo o planeta, e nós estamos cansados de ser muitas vezes punidos por coisas que não fizemos. Eu mesmo estou sendo punido por algo que eu não fiz, e a Justiça implica em me condenar mesmo sabendo da verdade, mas o dinheiro sempre falou mais alto, isso aconteceu com Mari Ferrer, o dinheiro sempre falou mais alto na sociedade que vivemos…”

Ele ainda alega que este é "o começo da campanha" e que foram exploradas falhas nas seguranças dos sistemas:

“O ataque foi tudo muito automatizado com ferramentas próprias para as vulnerabilidades encontradas nos sistemas, muitas das vezes acabam por ser um Apache desatualizado que nos permite entrar nos sistemas, como VPN’s com acessos remotos a computadores…O ataque em si não o podemos expor.”

O grupo ainda garante que tem dados do próprio presidente Jair Bolsonaro e que poderia expô-los na internet. Vale lembrar que Bolsonaro e seus filhos já foram objeto de ataques e até de fraudes de cartão de crédito no ano passado. O hacker completa:

“Foi extraído as bases de dados e é possível que no futuro aconteça um vazamento como realizado nos exames de Bolsonaro, ainda recentemente realizamos clonagem dos cartões SUS da família Bolsonaro.”

Finalmente, Zambrius garante que o grupo hacker "não está de brincadeira" e diz que os ataques vão ter sequência:

“O povo conhece o funcionamento do sistema, e somos censurados quando nos pronunciamos, esses ataques não foram os primeiros e nem os últimos, nós não estamos de brincadeira, e não vamos parar em quanto estivermos vivos.” 

LEIA MAIS