Os diferentes casos de uso do Real Digital, que deverá ser lançado em 2024 para utilização da população, provavelmente envolverá diversos atores privados na estrutura do ecossistema da CBDC brasileira, sigla em inglês que significa Moeda Digital emitida pelo Banco Central. Tanto que, há algumas semanas, o coordenador do projeto, Fábio Araújo, disse que o Real Digital deverá começar a ser usado na liquidação de títulos públicos até se tornar uma ponte com as finanças descentralizadas (DeFi) “se tiver tudo azeitado”, nas palavras do representante da instituição monetária.

De olho em se transformar em um desses atores da iniciativa privada, a custodiante israelense Fireblocks quer aproveitar a interoperabilidade e programabilidade, entre outros mecanismos que envolvem a blockchain do Real Digital, para se colocar como uma provedora de camada de intermediação. Foi o que sugeriram o diretor de infraestrutura de mercado e CBDC e o CEO da Fireblocks, respectivamente Varun Paul e Michael Shaulov, em entrevista ao Infomoney.

Sem dar detalhes, Shaulov disse que a Fireblocks participa de um dos projetos piloros envolvendo e Real Digital no âmbito do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT) do Banco Central (BC) e acrescentou que a startup pode “trazer experiência da vida real para o ecossistema dos pilotos.” 

Ele ainda destacou alguns mecanismos da CBDC brasileira, como a programabilidade e interoperabilidade com outras blockchains e deu a entender que a empresa em algumas dessas camadas. Tanto que o executivo acrescentou que a empresa provou “ao longo do tempoo que podemos apoiar o ecossistema [do Real Digital].”

Por sua vez, Paul defendeu a criação de uma camada de intermediação ao argumentar que o BC “não fique com todo o controle sistema financeiro em que os bancos oferecem crédito” e emendou dizendo que a Fireblocks poderia ser útil nesse ponto, também sem dar maiores detalhes sobre a atuação da empresa na blockchain do Real Digital. 

Em agosto Fabio Araújo elencou entre as possibilidades do Real Digital a liberação de emissão de stablecoins pelos bancos como forma de mitigar os riscos de falta de crédito. Na ocasião, o vice-presidente de Finanças e Controladoria da Caixa, Rafael Morais, defendeu que a custódia do Real Digital seja centralizada no BC ao manifestar a possibilidade de efeito multiplicador que poderia acontecer com o suprimento circulante de Real Digital com a utilização da captação feita pelas instituições bancárias para oferecer empréstimo aos clientes, problema decorrente do mercado de alavancagem, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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