Depois das exchanges HitBTC e Gate.io apresentarem supostas provas de que o vídeo divulgado pela Atlas Quantum para justificar sua falta de fundos para pagar seus investidores foi manipulado, um especialista esclareceu com exclusividade ao Cointelegraph Brasil qual o tipo de adulteração pode ter sido feita nas imagens divulgadas pela empresa brasileira.

O engenheiro blockchain e analista de segurança da informação Jefrey Santos diz que há duas manipulações possíveis para este tipo de falsificação, pela qual a Atlas Quantum é acusada por ambas as exchanges. 

A primeira usaria o código-fonte do site original em um computador, inserindo scripts offline no site através de um plugin e criando uma espécie de "máscara" para poder manipular os dados e apresentar uma outra versão do mesmo site, independente do que a plataforma das exchanges realmente mostraria online:

"Como a alteração permanece, mesmo após fechar o navegador, é um bom método, não só pra gravar o vídeo, como também pra quando se pretende trazer clientes a um escritório e mostrar-lhes saldo falso."

Este, porém, diz Santos, não parece ser o método supostamente usado no vídeo da Atlas Quantum. Segundo ele, as evidências mostradas pelas exchanges trariam indícios de que a manipulação teria sido feita diretamente nas imagens dos vídeos, e não através de uma cópia do site original:

"Entretanto, algo interessante apontado pela HitBTC é a presença de elementos desalinhados. Quando você altera a DOM [Document Object Model, estrutura de uma página web], é difícil isso ocorrer, já que a DOM é redesenhada pelo navegador e os elementos permanecerão alinhados. Isso leva a crer que, ao menos no caso do vídeo da HitBTC, aparentemente houve edição na imagem/vídeo de fato, com um editor de vídeos, após a gravação, e não tentativa de manipulação da página."

O especialista ainda diz que, caso os responsáveis pelos vídeos da Atlas Quantum tivessem utilizado o método de manipulação da DOM, teria sido mais difícil identificar a manipulação:

"Inseriram o conteúdo diretamente no vídeo. Com este outro método, seria possível realizar a falsificação e isso daria até mesmo um melhor resultado. Não ficou claro o porquê de preferirem fazer de uma forma mais difícil, que gera um resultado mais fácil de se identificar como irreal".

A polêmica surgiu depois que a Atlas Quantum divulgou oficialmente dois vídeos que supostamente mostrariam os saldos de Bitcoin bloqueados da empresa em contas de exchanges internacionais. No Twitter, usuários entraram em contato com a HitBTC, que respondeu que não reconhecia as informações divulgadas pela Atlas, e que nenhuma das contas da exchange encontravam-se bloqueadas em sua plataforma.

Logo depois, foi a vez da Gate.io também se pronunciar, dizendo que tampouco reconhecia as informações da Atlas. A empresa ainda não se pronunciou sobre o conteúdo dos vídeos.