Organização por trás do desenvolvimento do ecossistema da rede líder de contratos inteligentes, a Ethereum Foundation planeja adotar sistemas de inteligência artificial (IA) na prevenção contra ataques de hackers. Especialmente aqueles endereçados a soluções de escalabilidade baseadas em provas de conhecimento zero (ZK).

O uso de IA visa ajudar os desenvolvedores a identificar vulnerabilidades no código base de protocolos e aplicações, antecipando potenciais ataques ao ecossistema da Ethereum. A implementação de novas soluções de escalabilidade baseadas em ZK potencializa os riscos associados a hacks, uma vez que os códigos-base utilizados pelos desenvolvedores se tornam mais complexos

Segundo Justin Drake, um dos principais desenvolvedores da Ethereum, o desafio é significativo, como destacou em uma reportagem do The Defiant:

"Hacks de rollups são um dos principais riscos sistêmicos para a Ethereum."

Os zk rollups são uma solução de escalabilidade capaz de processar uma quantidade maior de transações de forma rápida e barata. Funcionam como um 'pacote' de transações, compactando várias delas em uma só, o que diminui a sobrecarga na rede. As provas de conhecimento zero são um padrão criptográfico que garante a segurança das transações, permitindo que uma das partes envolvidas prove que possui determinadas informações, sem expor os detalhes privados das transações.

"Queremos usar a IA para identificar vulnerabilidades catastróficas que poderiam resultar em hacks de zk rollups," disse Drake.

O desenvolvedor revelou também que a Ethereum Foundation está contratando um especialista na interseção entre IA e tecnologia blockchain. "Ampliando nossas perspectivas, queremos estar à frente da curva no que diz respeito à tecnologia mais poderosa de nossos tempos", completou.

Embora os hacks sejam um ponto de falha crítica da indústria das criptomoedas, eles estão em queda em 2024, conforme revelou o Cointelegraph Brasil recentemente. O mês de abril registrou mínimas recordes em hacks e golpes de criptomoedas, de acordo com um relatório divulgado em 30 de abril pela plataforma de segurança em blockchain Certik. 

Os prejuízos causados por hacks, ataques e golpes somaram apenas US$ 25,7 milhões, o que representa uma queda de 141% em relação ao mês anterior. 

A influência de Vitalik Buterin

A iniciativa da Ethereum Foundation de implementar sistemas de IA para elevar os padrões de segurança no espaço de criptomoedas foi anunciada dois meses depois que o cofundador da Ethereum, Vitalik Buterin, manifestou otimismo em relação ao uso da tecnologia emergente para identificação de falhas ocultas nos códigos-base da rede.

Em uma postagem publicada em 18 de fevereiro no X, Buterin mostrou-se confiante na adoção de auditorias baseadas em IA para identificar e corrigir códigos imperfeitos, mitigando o "maior risco técnico" que, segundo ele, ameaça a rede.

No entanto, Buterin também demonstrou receio de que a implementação de IA em em aplicativos de redes blockchain adiciona novas camadas de risco aos usuários:

"É importante ter cuidado: se alguém criar, por exemplo, um mercado preditivo ou uma stablecoin que use um oráculo de IA, e descobrir que o oráculo pode ser atacado, isso representa um risco enorme: uma grande quantidade de dinheiro pode desaparecer em um instante."

Kang Li, diretor de segurança da CertiK, disse ao Cointelegraph que, atualmente, as ferramentas baseadas em IA, como o ChatGPT da OpenAi, devem ser utilizadas apenas como assistentes de programação, e não como programadores ou auditores totalmente independentes. Segundo ele, o fator humano na programação ainda é fundamental:

"Acho que o ChatGPT é uma ferramenta muito útil para quem faz análise de código e engenharia reversa. Sem dúvida, é um bom assistente e poderá aumentar nossa eficiência tremendamente."

A interseção entre criptomoedas e inteligência artificial é uma das tendências em destaque no atual ciclo de alta das criptomoedas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.