Pela primeira vez na história do Real, a moeda oficial do Brasil, o valor total de cédulas e moedas em circulação caiu no país, já que, segundo dados do Banco Central (BC) o Brasil tem hoje 7,6 bilhões de cédulas e 28,6 bilhões de moedas em circulação totalizando R$ 339 bilhões, em 2020 o valor era de R$ 370 bilhões.

Segundo revelou o BC a queda no volume de dinheiro em espécie circulando no país é reflexo direto da digitalização da economia, sendo que os instrumentos de pagamentos eletrônicos tiveram um crescimento de 11% no país. O BC declarou ainda que se não fosse a pandemia do coronavírus a diminuição do valor do dinheiro em circulação seria ainda maior.

“A tendência é que tenhamos mais quedas do meio circulante, porque estamos transacionando cada vez mais por meios eletrônicos. A tendência é que a moeda seja digital no futuro”, disse ao portal Poder 360 o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Ricardo Teixeira

Desde 2020, quando o Banco Central anunciou pela primeira vez os planos com o Real Digital, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, vem afirmando que diversas ações da instituição, como Pix, Open Banking e CBDC, tem como objetivo substituir o dinheiro físico gradativamente.

"É uma moeda digital só para pagamentos de câmbio? Não. É uma moeda digital que entendemos que vai se estender e vai substituir a moeda física aos poucos", disse durante o lançamento oficial dos planos do Real Digital.

Além disso, o brasileiro está cada vez mais acreditando e investindo no Bitcoin (BTC) e mercado de criptomoedas, segundo revelou o auditor da Receita Federal, Jonathan José Formiga de Oliveira, durante uma audiência pública realizada pela Câmara dos Deputados.

Oliveira afirmou que o volume médio das negociações de Bitcoin e criptomoedas no Brasil dobrou em um ano, de acordo com os dados compartilhados com a Receita Federal por meio da Instrução Normativa 1888.

Ainda segundo o auditor, com um volume maior também mais brasileiros começaram a negociar neste mercado, sendo que, atualmente, cerca de 220 mil pessoas negociam criptomoedas mensalmente no país.

Real Digital

Sobre o Real Digital, recentemente o BC anunciou as empresas que estão autorizadas a desenvolverem provas de conceito tendo como foco o uso do Real Digital. Entre as empresas está a exchange de criptomoedasMercado Bitcoin, o protocolo de DeFi Aave e a ConsenSys  em parceria com a Visa e Microsoft.

No toal, de acordo com o BC, oLift Challenge Real Digital selecionou 9 projetos para acompanhamento, o que representa cerca de 20% de um total de 47 propostas apresentadas por 43 diferentes empresas.

Recentemente Campos Neto frisou que a proposta do BC é que a moeda digital funcione como uma extensão do real. Ela será distribuída ao público pelos bancos e fintechs, que terão a custódia do ativo, mas será 100% garantida pelo BC e não será remunerada --as instituições não poderão usar esses recursos para aplicações ou empréstimos, como acontece com o real.

"Como vão ser as trocas, as negociações no futuro? A gente entende que em algum momento esse movimento de 'tokenização', ou seja, transformar títulos em códigos numéricos e ser negociado via plataforma de blockchain, a gente entende que isso é um 'network' que, independente de as pessoas gostarem ou não da criptomoeda, o 'network' em si é muito proveitoso, eficiente", disse Campos Neto.

O presidente do BC declarou ainda que o futuro reservará um grande ecossistema de contratos inteligentes, hoje operacionalizados com criptomoedas, e que serão posteriormente, operados com o Real Digital.

"E a gente vai viver em algum momento, eu acho que em breve, uma abundância de 'smart contracts', que são contratos digitais. E aí a moeda digital, ela se encaixa melhor com contrato digital do que a moeda física", acrescentou.

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