A Elo, uma das maiores empresas de tecnologias de pagamentos do País, anunciou nesta semana um projeto inédito de tokenização (tokens RWA) de ativos imobiliários no sistema de contratos inteligentes do DREX, o projeto foi selecionado pelo Banco Central para a próxima fase do piloto da CBDC nacional.
A ideia é ambiciosa: permitir que os brasileiros tenham maior acesso a financiamentos e melhores condições de pagamento na aquisição de imóveis. A operação está prevista no escopo do consórcio CAIXA, Elo e Microsoft.
O projeto está na lista dos 13 casos de uso selecionados para 2ª fase do Drex, confirmados nesta quarta-feira, 04 de setembro, pelo Banco Central.
“Acreditamos que as nossas teses estarão entre as protagonistas de um ecossistema financeiro mais robusto e acessível a todos os brasileiros, um anseio que está na base do Drex”, afirma Eduardo Merighi, VP de Tecnologia e Soluções da Elo.
A Elo vem ampliando sua atuação em temas relacionados à economia tokenizada. Somente no ano de 2023, além de ter o consórcio aprovado no piloto do Real Digital com o Banco Central, também atuou como mantenedora no programa de aceleração de startups da Fenasbac, onde acelerou 4 startups com atuações voltadas à criptoeconomia.
Também teve dois projetos aprovados no Lift Lab do Banco Central com temas de Interoperabilidade de Redes Blockchain e Account Abstraction – tecnologia que simplifica a jornada do usuário ao operar com moedas digitais. Mais recentemente, confirmou os testes de transações offline, escopo o qual quer garantir a acessibilidade e inclusão de toda a população às operações digitais.
“Na Elo, a economia tokenizada será sinônimo de inclusão financeira, acessibilidade e uma experiência de pagamentos facilitada”, finaliza Merighi.
A iniciativa de "Tokenização Habitacional" possibilitará a representação digital de ativos imobiliários, simplificando o acesso ao financiamento e acelerando a aquisição de imóveis. Essa solução tem o potencial de democratizar o mercado imobiliário, tornando-o mais acessível e seguro para todos os cidadãos.
A área de imóveis é amplamente considerada uma das mais promissoras e com maior importância social, em especial, nas futuras ofertas de Imóveis comerciais, residenciais, fundos imobiliários, dívidas, terras e projetos de incorporação.
Com o avanço do piloto do Drex, o setor financeiro poderá testar a oferta de novos ativos para os seus públicos de interesse, expandindo a oferta de produtos bancários, empréstimos e ofertas de créditos das categorias de investimento, ao mesmo tempo em que aumenta a segurança e flexibilidade para os usuários.
DREX
Além da ELO, o Banco Central também aprovou dois casos de uso propostos pelo consórcio da ABBC (Associação Brasileira de Bancos): “Transações com Cédula de Crédito Bancário (CCBt)” e “Crédito colateralizado em títulos públicos (Smart Contract para uso de Ativos como Garantia)”.
Segundo a presidente da ABBC, Sílvia Scorsato, as diretrizes do Consórcio ABBC estão alinhadas com as do Banco Central na implementação do Drex, dentro da agenda de inovação. O objetivo é ampliar o acesso da população a produtos financeiros com menores custos, além de promover maior concorrência e eficiência no sistema financeiro.
“Este grupo está sendo fundamental para ampliar a participação de instituições financeiras no desenvolvimento do Drex, promovendo um ambiente plural. Acreditamos que essa troca de experiências e conhecimentos é essencial para construir um sistema financeiro mais moderno e acessível a todos”, afirma.
O diretor de Inovação e Serviços da ABBC, Euricion Murari, explica que as propostas enviadas pelo Consórcio ABBC seguiram algumas premissas relevantes pela pluralidade das suas associadas.
“Buscamos propostas que fossem aderentes e comuns a todas as nossas instituições financeiras, e que pudessem ter a maior possibilidade de aplicações de acordo com as características individuais de negócio", diz.
Transações com Cédula de Crédito Bancário (CCBt): O caso de uso envolve a emissão de um token de Cédula de Crédito Bancário (CCB), sua negociação no mercado (por meio de um swap bilateral da CCB tokenizada por determinada quantidade de reais tokenizados) e sua liquidação no vencimento, com a devida compensação financeira.
A Cédula de Crédito Bancário (CCB) foi escolhida como ativo por ser amplamente negociada no mercado financeiro atualmente, sendo comum nas operações da maioria das instituições.
Ela oferece diversas possibilidades de aplicação, como, por exemplo:
- Garantia para aumento de limite de cartão de crédito.
- Investimento fracionado para pessoa física, ampliando o acesso a produtos e diminuindo o valor mínimo de entrada.
- Aquisição de bens de consumo / Garantia para compras parceladas (varejo) sem necessidade de cartão, oferecendo melhores condições.
- Transferência de CCB entre credores (podendo ser outra instituição financeira ou não).
- Captação de recursos em operações internacionais / com bancos estrangeiros.
- Crédito consignado, com menor custo para emissão e operação.
Já o Crédito colateralizado em títulos públicos (Smart Contract para uso de Ativos como Garantia) engloba o desenvolvimento de um smart contract que viabilize o uso de ativos tokenizados como garantia em operações. A ideia é inicialmente trabalhar com Títulos Públicos Federais (TPFs) já utilizados na primeira fase como garantia em operações.
Neste caso, são enxergadas três principais funções:
a. Bloqueio do ativo: os ativos permaneceriam atrelados à carteira do cliente final, mas teriam negociação ou resgate impossibilitados.
b. Liberação do ativo: parcial ou total, conforme condições predefinidas quando o ativo foi dado como garantia.
c. Liquidação do ativo: execução da garantia, com transferência do ativo para a carteira da instituição financeira.
Atualmente composto por 18 participantes, sendo 15 instituições financeiras, o Consórcio ABBC é liderado pelo Banco Ribeirão Preto (BRP) e conta com a participação das seguintes instituições financeiras: ABC Brasil, Agibank, BBC Digital, BMG, Banco PINE, Banrisul, BOCOM BBM, BS2, C6 Bank, Efí Instituição de Pagamento, Original/PicPay, PagBank, Pan e Stone Instituição de Pagamento. Além dessas, o consórcio também agrega as empresas BBChain, BIP e Microsoft.