O Banco Central do Brasil (Bacen) está desenvolvendo a sua própria Moeda Digital de Banco Central (CBDC), chamada Drex. Essa iniciativa faz parte de um movimento global para a digitalização das moedas fiduciárias. Em fase de testes, o Drex promete abrir novas oportunidades de negócios no Brasil, conforme avaliação da PwC.
Os testes do Drex vem sendo realizado com diversos consórcios participantes testando emissão, movimentação, resgate e queima de tokens RWA ligados a Títulos do Tesouro Nacional. Segundo o BC, no que diz respeito a privacidade, as 3 soluções apresentadas precisam de adaptações e, novos testes precisam ser realizados antes do lançamento oficial.
Assim, segundo a PwC, a expectativa é que a primeira emissão do Drex, em plataforma operada pelo Bacen, ocorra no início de 2025. Eliseu Tudisco, sócio da PwC Brasil, comenta que “não há urgência de um lançamento” e destaca que cada país adota CBDCs com perfis diferentes. No Brasil, o Pix já resolve a perspectiva transacional, permitindo que o Drex tenha outro foco.
No caso nacional, o foco do BC com a CBDC nacional é habilitar uma economia baseada em contratos inteligentes, dentro do que o BC vem chamando de 'dinheiro programável', e que envolve não apenas tokens RWA, mas aplicações diversas como pagamentos automatizados e até cross-border.
Segundo a PwC, quando implementado, o Drex deve revolucionar o ecossistema de serviços financeiros no Brasil. A tokenização será um dos principais benefícios, permitindo a reprodução digital de produtos e a atribuição de direitos de propriedade.
Isso impulsionará novos serviços econômicos, facilitando transações ágeis, seguras e programáveis. Eliseu Tudisco exemplifica que, em um cenário avançado, contratos digitais podem otimizar processos cartoriais, como na venda de ativos imobiliários e veículos.
Além disso, os contratos inteligentes viabilizarão transações seguras, integrando pagamentos e transferências de bens numa única operação. Essa capacidade de programar transações sob certas condições reduzirá o risco de fraudes e abrirá caminho para novos serviços financeiros, aumentando a eficiência e a segurança do sistema financeiro brasileiro.
“Em um cenário mais avançado, é possível imaginar contratos digitais que otimizem a figura do cartório, como na venda de ativos de propriedade de veículos e de imóveis”, exemplifica Eliseu Tudisco.
Drex
Tudisco destaca que o Bacen enfrenta o desafio de equilibrar privacidade, descentralização e programabilidade no desenvolvimento do Drex. Esse equilíbrio é crucial para garantir a segurança e a autonomia do sistema sem comprometer sua eficiência.
- Privacidade: As transações devem ser acessíveis apenas às partes envolvidas e autoridades competentes, garantindo ao mesmo tempo mecanismos de verificação pública para assegurar transparência e confiança.
- Descentralização: Permite a participação de diversos agentes sem a necessidade de exposição de informações a todos os participantes, com uma governança centralizada pelo Bacen.
- Programabilidade: Incorporação de contratos inteligentes visíveis e executáveis, sem comprometer a privacidade e segurança.
A PwC destaca que esses elementos são essenciais para assegurar a funcionalidade do Drex como moeda digital do Bacen e construir uma base sólida de confiança entre os usuários.
"As empresas têm a chance de se destacar na adoção do Drex, integrando inovações aos seus serviços para trazer benefícios concretos aos clientes e se posicionarem na vanguarda do mercado financeiro digital. É crucial que as organizações explorem o potencial do Drex nas áreas de intermediação, emissão e infraestrutura", aponta.
Segundo Eliseu Tudisco, o Bacen busca promover maior inclusão e acesso a serviços financeiros com o lançamento de novos produtos. No caso do Drex, a questão cultural relacionada ao medo da população de ser monitorada é uma barreira. Transações de pequeno porte da moeda digital tendem a ser mantidas sob anonimato para ganhar a confiança do usuário.
No caso do Drex, tendo em vista que existe uma barreira cultural relativa ao temor da população de se sentir monitorada, transações de pequeno porte da moeda digital tendem a ser mantidas sob anonimato.
“Pode ser uma forma de ganhar a confiança do usuário”, finaliza o sócio da PwC Brasil.