A disputa pela liderança do segmento de blockchains de camada 1 de contratos inteligentes tem mobilizado a comunidade de criptomoedas no atual ciclo de alta. Fundos de capital de risco, analistas e traders defendem a tese de que a Solana (SOL) pode superar a líder Ethereum (ETH) em capitalização de mercado, com base no argumento de que o SOL registra um desempenho superior ao do ETH desde o fundo de novembro de 2022.

Além da valorização de mais de 2.000% do SOL desde as mínimas, a migração de capital das memecoins da Ethereum para Solana e o crescimento constante das métricas de atividade na rede seriam as evidências mais claras desta tendência.

Um gráfico compartilhado no X por Brian Rudick, chefe de pesquisa do fundo de capital de risco e formador de mercado GSR Capital, no entanto, sugere que o desempenho da Solana desde o topo do mercado de 2021 não é significativamente superior ao do Ethereum. 

Além disso, destaca o analista, ambas as criptomoedas apresentam valorizações inferiores às do Bitcoin (BTC), que em março renovou suas máximas históricas. Tanto o SOL quanto o ETH ainda não alcançaram tal marca.

Atualmente, o BTC está cotado apenas 7,2% abaixo de sua máxima histórica, de acordo com dados da CoinGecko. O ETH e o SOL estão a 47,7% e 32,7%, respectivamente, de acordo com dados da CoinGecko. A diferença fica evidente no gráfico compartilhado por Rudick.

Comparação do desempenho de BTC, ETH e SOL desde o topo do mercado em 2021. Fonte: Brian Rudick (X)

Rudick argumenta que as críticas recorrentes ao desenvolvimento da rede da Ethereum, privilegiando as soluções de escalabilidade de camada 2 em detrimento da atividade na rede principal, são injustas.

O ecossistema da Ethereum segue em expansão e é líder em valor total bloqueado (TVL) em protocolos DeFi, com US$ 47,9 bilhões, contra US$ 6,4 bilhões da rival. Atualmente, a dominância da Ethereum no setor é de 54,3%, de acordo com dados do DeFi Llama.

O analista afirma que as valorizações tanto do Bitcoin quanto da Solana nos últimos anos foram beneficiadas por "eventos idiossincráticos."

No caso do Bitcoin, a aprovação dos ETFs à vista nos EUA, somada ao apoio recorrente de Larry Fink, CEO da BlackRock, à criptomoeda enquanto um ativo de proteção, foi um catalisador fundamental para a retomada da tendência de alta, afirma Rudick:

"O Bitcoin foi beneficiado por entradas que somam US$ 21 bilhões, e o impacto disso no preço não pode ser subestimado."

Rudick lembrou ainda que o analista de ETFs da Bloomberg, Eric Balchunas, argumentou que, caso o ETF não tivesse sido aprovado, o Bitcoin ainda estaria sendo negociado na faixa dos US$ 20.000.

Já a valorização da Solana no período teria sido magnificada pelo "efeito FTX", afirma Rudick:

"A Solana, por outro lado, foi desproporcionalmente impactada pelo colapso da FTX, que distorceu as comparações de desempenho à medida que o SOL se recuperava."

"Medir a capitalização de mercado desde o topo das criptomoedas em novembro de 2021 para remover essa distorção mostra que o ETH e o SOL tiveram mais ou menos o mesmo desempenho desde então", argumenta o analista.

Rudick conclui a sua análise dizendo que, embora seja inegável que os ETFs de Ethereum possivelmente tenham contribuído para o desempenho inferior do ETH nos últimos meses, visto que o saldo dos ativos sob gestão é significativamente negativo, e a Solana esteja atendendo os usuários justamente no segmento em que há mais demanda – leia-se, memecoins –, "comparar o desempenho recente não é justo e este é um fato frequentemente ignorado."

"Flippening" do SOL é possível?

Independentemente da honestidade da comparação, em 23 de outubro, o par SOL/ETH atingiu um novo recorde histórico de 0,0692 ETH. Desde 2023, o SOL valorizou 600% em relação ao ETH, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.

Analistas da gestora VanEck especulam que a Solana poderia atingir 50% da capitalização de mercado do Ethereum nos próximos anos se a atividade na rede mantiver os níveis atuais de expansão.

Para isso, no entanto, a Solana precisa expandir sua base de usuários para além dos especuladores de memecoins, atraindo usuários de finanças descentralizadas (DeFi), empresas e instituições do mercado financeiro tradicional, sugerem analistas da exchange de criptomoedas Bitfinex.