Impulsionado pelo lançamento do protocolo Runes logo após o halving, o frenesi das memecoins chegou com força ao Bitcoin (BTC), e o token Dog Go To The Moon (DOG) já figura entre os 10 principais criptomemes do mercado, de acordo com dados da CoinGecko.
O DOG foi lançado em 23 de abril por meio de um airdrop que distribuiu 100 bilhões de tokens para os 75 mil detentores da coleção de Ordinals Runestone. Assim, Leonidas, o desenvolvedor por trás do projeto, construiu uma comunidade engajada em torno do token.
Com uma forte mobilização nas redes sociais, a capitalização de mercado do token dobrou desde o lançamento, e o DOG acumula uma valorização de 180% nos últimos 30 dias, de acordo com dados do CoinGecko.
Gráfico da performance do DOG nos últimos 30 dias. Fonte: CoinGecko
Grande parte do interesse no DOG vem da comunidade brasileira de criptomoedas, conforme revelam dados do Google Trends. A maioria das pesquisas do termo "Dog Go To The Moon" realizadas nos últimos 30 dias partiu de endereços de IP brasileiros. O pico foi registrado em 31 de maio, quando o token superou pela primeira vez a marca de US$ 800 milhões em capitalização de mercado.
O interesse dos investidores brasileiros teria sido despertado pelo grande número de influencers locais que abraçaram o DOG, alimentando a narrativa de que a memecoin possui um potencial de multiplicação de 100 vezes ou até mais.
Montagem com thumbnails de vídeos de influencers brasileiros que estão promovendo o DOG. Fonte: X (Paradimga Education)
Riscos e oportunidades do Dog Go To The Moon
No entanto, analistas alertam que, no caso do DOG, os riscos podem ser maiores do que as oportunidades, dadas as condições atuais do mercado e a valorização prévia do token.
Em depoimento ao Cointelegraph Brasil, Felipe Medeiros, analista e fundador do Boteco Cripto, disse que o DOG oferece os mesmos riscos inerentes a qualquer memecoin. Isso inclui quedas de 50% a 70%, independentemente das condições mais amplas do mercado.
Além disso, segundo Medeiros, o FOMO (do inglês, fear of missing out, ou medo de perder a oportunidade) em torno do DOG tem sido alimentado pela falsa sensação de que o token apresenta um potencial de valorização de 100 ou 200 vezes. O fato de possuir uma capitalização de mercado de US$ 1 bilhão torna essa uma meta difícil, senão impossível, de ser alcançada, afirma o analista:
"Foi criada uma ilusão de que com um investimento de R$ 1.000 possa se chegar a R$ 100.000, com R$ 10.000, a R$ 1 milhão. Uma memecoin que já tem um US$ 1 bilhão em capitalização de mercado não vai chegar a US$ 100 bilhões. O máximo que uma memecoin já atingiu em capitalização de mercado foi US$ 80 bilhões, com o DOGE no ciclo passado."
Medeiros destaca ainda que as condições do mercado no atual ciclo de alta são diferentes daquelas que proporcionaram a alta de mais de 8.000% do DOGE em 2021:
"O ciclo passado foi um ciclo de excesso de liquidez, pós-pandemia, em que as pessoas estavam recebendo dinheiro para ficar em casa, os juros estavam lá embaixo, então estava sobrando dinheiro no mundo e as pessoas acabaram jogando com isso."
Atualmente, não apenas há menos dinheiro disponível no mercado, como a liquidez está fragmentada entre um número muito maior de memecoins, afirma o analista. O impacto da concorrência sobre o preço do DOG ainda está por ser mensurado, segundo Medeiros, pois em breve novas memecoins serão lançadas na rede do Bitcoin.
O próprio Leonidas prometeu distribuir outras duas memecoins para os detentores de Runestones no futuro. Isso deve favorecer a diluição do capital no nicho de memecoins do Bitcoin, ainda que a narrativa do Dog Go To The Moon destaque o pioneirismo do token nesse mercado específico.
Em uma thread publicada no X em 4 de junho, o perfil da Paradigma Education também alertou para a dispersão da atenção dos investidores e, consequentemente, do capital, uma vez que uma memecoin de baixa capitalização de mercado tem maior potencial de valorização do que um token de US$ 1 bilhão, como o DOG.
O crescimento do ecossistema de memecoins da Solana é um bom parâmetro para antecipar o que ocorrerá no Bitcoin com o lançamento de novos tokens, sugere a postagem:
"Quando a oferta de moedas explodiu, os retornos se pulverizaram."
Ainda assim, retornos de 10 vezes em relação ao valor atual do DOG seriam plausíveis, segundo a Paradigma Education, desde que o "Runes não seja substituído por algo mais novo no BTC e que os influencers não abandonem o barco" diante de possíveis quedas.
Polêmica nas redes sociais
A ascensão do preço do DOG e do interesse dos brasileiros no token coincidiu com a promoção do projeto pelo influencer Augusto Backes. Nos últimos dias, Backes tem afirmado de forma recorrente aos seus 106 mil seguidores no X e aos 383 mil inscritos em seu canal no YouTube que o Dog Go To The Moon oferece uma das maiores oportunidades de retorno no atual ciclo de alta das criptomoedas.
Ao mesmo tempo, um perfil anônimo, intitulado Exposed de Influencer Crypto, publicou uma postagem na terça-feira, 4 de junho, acusando o influencer de estar utilizando seu público como saída de liquidez para o DOG. Nos comentários, Backes se defendeu dizendo que desde então o token já subiu mais de 100% e "geral está no lucro."
O mercado de memecoins amplifica os riscos associados à negociação de criptomoedas. Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, as memecoins da Solana têm causado prejuízos aos traders de criptomoedas devido ao aumento crescente de tokens lançados em oposição à queda do volume negociado.