O crescimento do ecossistema da Solana (SOL) após o colapso da FTX em novembro de 2022, que colocou em dúvida a capacidade de recuperação da rede, tem sido impulsionado em grande parte pela febre das memecoins

O fenômeno teve início com o Bonk (BONK), foi amplificado pelo Dogwifhat (WIF) e muitas outras vieram a seguir. Até mesmo uma plataforma dedicada exclusivamente à criação de memecoins foi lançada, tendo como alvo os usuários da rede – o Pump.fun.

Animais, políticos e, mais recentemente, celebridades viraram temas de tokens baseados na Solana, despertando a atenção e a cobiça de traders do varejo com histórias de enriquecimento rápido e – relativamente – fácil

No entanto, a rotação da atenção e do capital, comum ao mercado de criptomoedas, está gerando um cenário sombrio para os investidores de varejo em busca da próxima memecoin de sucesso.

Em uma postagem publicada recentemente no X, o analista pseudônimo Crypto Koryo apresentou dados que mostram que o aumento das listagens de memecoins na Solana não está sendo acompanhado por um crescimento proporcional e sustentável do número de usuários ou do volume de negociação desses novos tokens.

"Vemos que, embora os volumes de negociação na Solana tenham atingido um pico em meados de março e as condições de mercado tenham deteriorado desde então, continuamos a ter novas listagens de memecoins em um ritmo muito forte", diz o analista, apresentando os gráficos abaixo para comprovar a sua afirmação.

Gráfico 1: crescimento do lançamento de memecoins na Solana; Gráfico 2: queda do volume negociado em DEX da Solana. Fonte: Crypto Koryo (X)

Em um mercado lateralizado, essa discrepância está resultando em uma diluição nos valores desses tokens recém-lançados, prejudicando os traders do varejo e levando muitos a perderem dinheiro, enquanto os criadores dessas criptomoedas concentram os lucros.

Este fenômeno levanta questões críticas sobre a sustentabilidade da Solana, comprometendo o futuro e a reputação da principal rival da Ethereum (ETH) no mercado de criptomoedas, alerta Crypto Koryo.

Segundo o analista, a Solana corre o risco de tornar-se uma rede associada a "shitcoins, rug pulls [golpes de puxada de tapete] e esquemas Ponzi":

"Isso significa que em algum momento o varejo ficará cansado desse jogo de perder dinheiro consistentemente, e passarão a odiar esse jogo e a rede associada a ele."

Afirmando que se transformar na rede preferencial para o lançamento de memecoins pode não ser a melhor estratégia para competir de igual para igual com a Ethereum, Crypto Koryo conclui sua reflexão apostando que "memecoins da Ethereum, como o Pepe (PEPE), são mais sustentáveis a longo prazo em comparação com suas contrapartes da Solana, como o WIF e o BONK."

Questionado nos comentários à postagem sobre o que os responsáveis pela Solana deveriam fazer para tentar controlar a disseminação de memecoins na rede, uma vez que se trata de uma blockchain não permissionada, o analista sugeriu que o aumento das taxas de transação poderia ser uma medida eficaz:

"​​Identificamos um problema, mas qual poderia ser uma boa solução para ele, já que tudo é e deve funcionar sem permissão? O aumento das taxas de gás pode ser uma possibilidade, já que muito do spam presente na Solana se deve às taxas insignificantes de gás."

Limitar a promoção de memecoins através de canais oficiais da Solana foi outra sugestão de Crypto Koryo para minimizar o potencial efeito negativo desta classe de ativos sobre a rede em ascensão.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, o Dogwifhat vem enfrentando alta volatilidade, associada a perdas significativas nos últimos dias. Cotada a US$ 3,16 atualmente, a principal memecoin da Solana está 34,2% abaixo de sua máxima histórica de US$ 4,83, registrada em 31 de março, de acordo com dados da CoinGecko.