O Diretor-Geral do SENAI, Rafael Lucchesi Ramacciotti, declarou durante audiência no Congresso Nacional que a tecnologia blockchain é um dos pilares fundamentais para a construção de uma nova economia de dados. Segundo ele, atento a este panorama o SENAI tem promovido diversas iniciativas com foco na tecnologia.

Para Ramacciotti as qualificações profissionais vão ter transformações grandes nos próximos anos, pois com o advento de novas tecnologias, os processo de produção têm que ser mais eficientes, mais enxutos, mais otimizados.

"Para tanto, o que precisaremos fazer? Conhecer a capacidade produtiva, dados e fatos reais de produção, processos e atividades que agregam valor. Precisaremos identificar gargalos produtivos e atuar para reduzir desperdícios: transporte, superprodução, estoque, etc", destacou.

Para atingir esses objetivos, segundo ele, há toda a parte de digitalização e conectividade que vai impulsionar a indústria 4.0 e suas tecnologias habilitadoras, como blockchain.

"Há todo o conjunto de novos materiais, novos produtos, envolvendo grandes empresas startups, ou seja, o conceito de open innovation, habitat de inovação e conectividade entre progresso técnico, inovação, grandes empresas e ambientes startups. Isso tudo está no que nós chamamos Indústria 4.0 (...) As tecnologias habilitadoras são a parte de robótica, integração de sistemas, Internet das Coisas, blockchain, simulação, manufatura aditiva, computação em nuvem, realidade virtual, realidade aumentada. Em resumo, todo esse conjunto de atividades estão integradas no que nós chamamos de tecnologias habilitadoras, que vão transformar as necessidades produtivas do chão de fábrica e de formação das pessoas", disse.

Ainda segundo o Diretor Geral, quanto a capacidades técnicas, hard skills, cada setor terá impacto, seja no usuário, no mantenedor, no integrador, no desenvolvedor, em cada um dos 28 setores da indústria, com gradações distintas, seja em setores mais science based, ou seja, mais intensivos em tecnologia, seja em setores que tenham menor densidade tecnológica inovativa, "Isso se dá em função do ciclo tecnológico", declarou.

"Nós já desenvolvemos competências para 90% do nosso portfólio; há ainda os 10%, que são competências da Indústria 4.0, para todas as formações e todas as necessidades de cada um desses setores. No nosso portfólio nós temos: Desvendando a Indústria 4.0; Conectando à Indústria 4.0; Curso de Robótica Colaborativa; Explorando o BigDATA; Programação Móvel para Internet das Coisas; Segurança Cibernética; Inteligência Artificial; Integração de Sistemas de Produção Inteligente — produção integrada e conectada; Manufatura Aditiva; Desenvolvimento de Aplicações em Realidade Virtual e Aumentada; toda parte de inspirar, transformar e aprender para a Indústria 4.0; Desvendando as Softskills; e Desvendando a Blockchain", afirmou.

Ramacciotti afirmou que este 'novo mundo' que surge com a economia dos dados é um mundo em que a criação, o uso e o reuso de dados ocorrem em escalas antes inexistentes, "trazendo retornos crescentes do uso do capital na esfera da produção".

"Muito se fala sobre o mundo do óleo, agora nós falamos do mundo de dados. É disso que se trata, é onde o capital se reproduz, é onde as esferas de reprodução do conhecimento e da economia agora vão dar vazão à reprodução financeira, à reprodução do conhecimento. É um mundo de um crescimento exponencial da conectividade entre pessoas, dispositivos, sensores e máquinas, todos conectado à Internet. São dados que se reproduzem e que só são conectáveis porque nós passamos da Terceira Revolução Industrial, como disse o Prof. Lucchesi, para a Quarta Revolução Industrial. É um mundo em que cada vez mais os dispositivos das tecnologias de informação e comunicação foram se difundindo na esfera tanto de apropriação do capital quanto do conhecimento e da sociedade, e agora passaram a ser interconectados.

Nós estamos falando, portanto, de uma economia baseada em dados, que traz efeitos importantes, tendo como base o uso das tecnologias habilitadoras, conforme o Prof. Lucchesi falou, habilitadas por dados que permitem comunicação máquina a máquina, aprendizado de máquina, deep learning, análise de grandes volumes de dados, conhecida como big data analytics, Internet das Coisas, blockchain e tantas outras tecnologias que hoje são padrão de produção da indústria e da economia de maneira geral", afirmou.

Ainda segundo ele, quando nós falamos que houve uma alteração nos padrões de reprodução de capital e de conhecimento, estamos falando que as esferas de investimento ou o padrão de investimento mundial alterou suas perspectivas de reprodução e passou a estar muito mais baseado num padrão de investimento da transformação digital e neste mundo é preciso preparar os jovens para não serem 'tragados' pela economia digital e sucumbirem com a falta de oportunidades por falta de capacitação.

"O que fazemos, então? Estamos capacitando os alunos, os jovens. E os egressos, e aqueles que já não estão mais tendo a oportunidade de se capacitar? Eles vão fazer parte da sociedade altamente conectada e altamente capacitada? Como nós inserimos os mais velhos no processo de inserção da Educação 4.0?", finalizou.