O diretor do Fórum Econômico Mundial, o engenheiro industrial Murat Sönmez, concedeu entrevista à Folha de São Paulo em que defende um sistema de recompensas pelo uso de dados pessoais, em que governos pagariam pelas informações em criptomoedas nacionais.

Na entrevista publicada nesta sexta-feira, 8 de novembro, Sönmez defende o sistema de recompensas, uma cooperação global para transação de dados genéticos e a inclusão do Brasil na rota desta iniciativa mundial, que já teria China, Japão e Índia como membros.

Segundo ele, as leis de proteção ao usuário precisam ir além da privacidade dos indivíduos, mas também considerar a doação voluntária das informações, para a ciência e a medicina, por exemplo, e a capitalização em outros casos. Ele diz:

"Para ciência, estou de acordo em fornecê-lo [os dados] de graça. Precisamos mudar de mentalidade e partir para regulações baseadas com foco na finalidade do dado pessoal. Aí podemos combinar dados para reduzir o congestionamento, o consumo de energia... O papel do governo é a oportunidade, não é olhar para o retrovisor e penalizar. Não apenas multar quem violou a lei de proteção, mas olhar para o futuro e enxergar a possibilidade dessa tecnologia, criar um novo tipo de estrutura de regulamentação. ?

Segundo ele, as multinacionais têm dados em todo o mundo e enfrentam desafios de conformidade, mas por serem robustas conseguem "dar um jeito", enquanto startups não possuem esse privilégio.

Ele diz que no Japão e na Índia os dados de usuários já são negociados entre empresas ligadas à saúde e outras com propósito comercial, em que o usuário é notificado e diz se consente em fornecer os dados e receber por isso, através do uso de contratos inteligentes e blockchain.

A partir daí, ele diz que os dados transformam-se em commodities e criam um mercado baseado em propósitos específicos, com a criação de uma criptomoeda nacional para pagamento dos cidadãos.

"Poderia usar mecanismos de mercado como o das commodities e criar um mercado baseado em propósitos específicos. Para criar referência, usaríamos um token nacional baseado em blockchain. O governo poderia dar um token para seu dado e, em vez de trocar dados, trocaria tokens, e o Ministério da Economia poderia tributar. Nossos dados estão na mão de dez companhias no mundo, que têm valor de centenas de milhões dólares e que monetizam esse dado."

Como noticiou o Cointelegraph, um relatório recente do Fórum Econômico Mundial destacou 6 formas de avaliar os benefícios da blockchain.

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