João decide guardar suas notas de reais ao quitar os produtos de seu carrinho de compras na saída da mercearia. Em vez de cédulas, ele utiliza alguns tokens atrelados ao centroavante de seu time do coração, que acaba de ser rebaixado sem que o jogador tenha conseguido estufar as redes adversárias. Ao chegar em casa, ele descobre que o atleta será vendido para um time do exterior, o que faz os tokens dispararem 1000% e ajudarem o faturamento de Juvenal, o dono do estabelecimento que aceitou os tokens, enquanto João lamenta por se desfazer precocemente dos criptoativos.

No dia seguinte, o entristecido João é surpreendido ao abrir sua carteira digital, quando ele se depara com o recebimento de royalties, proporcionais a uma quantidade de tokens musicais de uma canção que acabou se tornando a mais ouvida em todas as plataformas e que passam a ser suficientes para quitar outra despesa.

O exemplos hipotéticos abordados nesta publicação retratam uma nova tendência de negociação do século 21, através do qual os bens físicos, produção intelectual, artística e uma infinidade de produtos e serviços poderão ser transformados em tokens que ajudarão a movimentar um mercado que deverão alcançar pouco mais de US$ 13,5 bilhões até 2030, segundo um relatório divulgado recentemente pela empresa de consultoria de mercado Grand View Reseach, sediada em São Francisco, na Califórnia (EUA).

De acordo com o documento, o montante será alcançado por meio de um crescimento anual de 24% do mercado mundial de tokenização, com destaque para o segmento de componentes, responsável por mais de 80% da receita em 2021 em razão dos investimentos das indústrias que apostaram na tokenização para protegerem dados sigilosos, e a área de aplicativos de pagamentos, que deteve mais de 30% da receita. 

O estudo também revela que o segmento de tecnologia baseada em gateway deverá crescer acima da média, com expansão de 25,26%. O que também deverá acontecer com o Oriente Médio e a África, cujo crescimento deverá ser de 27,52% ao ano entre 2022 e 2030. Em relação à América Latina, o documento dividiu a região entre o Brasil e o restante dos países. 

A tokenização, que ainda deve passar pelo crivo da regulamentação das criptomoedas no Brasil e diversos outros países, também apresenta outra possibilidade que deverá ajudar a potencializar este mercado nos próximos anos, que é o patrocínio de empreendimentos por meio da venda de tokens.

Um exemplo é a Rayons Energy, uma geradora de energia solar instalada na região de Planaltina (DF) responsável por fornecer até 1 megawatt (MW), potência suficiente para abastecer mil residências. Ao todo, a empresa levantou R$ 5 milhões por meio da venda de 20 bilhões de tokens precificados entre US$ 0,000066 e US$ 0,000082.     

A ESG Tech Abundance Brasil também  está desenvolvendo um projeto utilizando a tecnologia, neste caso voltado ao plantio e tokenização de um bilhão de árvores. Já a a plataforma de tokenização de imóveis Kodo Assets deverá lançar uma oferta pública de R$ 3,5 milhões em tokens atrelados a um imóvel comercial na região da avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo (SP).

Entre inúmeros outros casos de uso, a tokenização também avança no Brasil por meio do mercado de precatórios, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

LEIA MAIS: