Artistas brasileiros renomados estão 'trocando' o tradicional cavalete pelas possibilidades da arte digital com tokens não fungíveis, NFTs .
Nomes como Joaquim Correa Pereira Jr, conhecido como Jotape e Fernando Quevedo, reconhecidos no meio artístico tradicional também estão explorando o mundo das criptomoedas e por meio de contas criadas no OpenSea (Quevedo e Jotape ) estão transformando suas obras em tokens NFTs construídos no Ethereum .
No caso de Quevedo, o artista é o 'queridinho' do jogador Neymar desde que em novembro de 2019, caiu nas graças do jogador após pintar um quadro em que o ídolo do Paris Saint-Germain Football Club aparece com o rosto dividido entre o homem-morcego e o vilão Coringa.
Além de paixão à primeira vista, o talento diferenciado conquistou rapidamente o gosto do craque, fazendo com que o estafe do atacante entrasse em campo, fizesse contato e, pasmem, mandasse um jatinho retirar o mimo em São Paulo.
"Sou artista plástico e já realizei diversas exposições inclusive no metrô de São Paulo e recentemente fiz meu primeiro NFT para leilão. Ainda estou tentando entender esse furacão como todos nós!", declarou.
Atualmente Quevedo tem 4 obras disponibilizadas na plataforma com preço a partir de 0,01 ETH. Uma das obras, Naty the Clown , o primeiro NFT do artista está em leilão no momento da escrita e com valor estimado em 0,105 ETH.
"Eu não me lembro o momento em que eu comecei a me interessar por arte, eu sempre fui assim, eu sempre gostei, eu sempre fiz isso", declarou.
De Resende para o mundo cripto
Outro artista renomado que resolveu 'invadir' o campo das artes digitais é Jotape, Joaquim Correa Pereira Jr, nascido em Resende no Rio de Janeiro e que começou realizando obras artísticas como uma espécie de diversão com os amigos e depois ganhou o mundo nas viagens do artista e em seu mergulho pela arte.
Jotape conta que passou por diversos momentos em sua vida, altos e baixos e que chegou a trocar quadros por vale-compras de supermercados. Contudo sua alegria, desejo de viver tem se manifestado em uma arte intensa, cheia de riscos em todas as direções e símbolos complexos, no qual busca refletir alegria e leveza.
“Criei a minha forma de pintar e eu nunca vi nada igual até agora. Nunca pinto com ideia de vender e não sigo um padrão comercial. Pinto o que sinto, o que me traz felicidade… Me desligo de tudo. E tem hora que parece que a gente faz parte do quadro”, disse.
Das telas e esculturas o artista também migrou para os 0 e 1 dos códigos de computação e dos pincéis para a criptografia dos NFTs.
"Ainda estou buscando entender todas as possibilidades da arte digital. Mas estou gostando muito de tudo isso. Fiz uma primeira obra e já estou preparando uma escultura sobre o Bitcoin", disse.
O primeiro NFT de Jotape, uma obra que mistura diversos elementos da cultura dos criptoativos, já chegou ao valor de 1,5 ETH e o artista já prepara a segunda, uma grande escultura com o símbolo do Bitcoin.
Brasileiros 'invadem' o universo dos NFTs
Além de Quevedo e Jotapé, nomes como Nino Arteiro, Vamoss, Tony de Marco, Alexandre Rangel, Monica Rizzolli, Uno de Oliveira, Marlus, Lukas Azevedo, estão enre os artistas nacionais que alianham tokenização, arte, criptomoedas e blockchain.
"O NFT é o meio casamento perfeito entre as coisas e alinha não só a possibilidade de ganhar dinheiro mas de usar as técnicas de programação e os resultados visuais que elas podem produzir", afirmou Monica Rizzolli.
Os artistas destacaram que assim como no mercado de artes tradicional, há obras por diversos valores, com preços saindo de US$ 20 até US$ 7 mil e com possibilidades de valorização que dependem de inúmeros fatores.
No entanto, segundo eles, o principal não é tanto a valorização que as obras podem alcançar, mas a mudança de paradigma que os NFTs promovem no mercado de artes, jogos, e na cultura digital como um todo.
"Esta é uma mudança que vai além das artes, pois agora podemos fazer nossas obras e distribuí-las sem intermediários", afirmou Alexandre Rangel.